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sábado, 11 de setembro de 2021

A CÂMARA DE REFLEXÃO: EXPEDIENTES EXEGÉTICOS

 

A Câmara de Reflexão é um dos anexos que do Templo Maçônico, complementado pelo Átrio e Sala dos Passos Perdidos. No entanto, a Câmara é o espaço dedicado exclusivamente para a preparação do candidato à Iniciação em sua fase Recipiendiária. Simbolicamente, este espaço esotérico representa o interior da terra, local entendido pelas Antigas Civilizações como sendo expiatório ou ponto de desconexão com o mundo temporal.

O Rito Escocês Antigo e Aceito, em seus princípios herméticos, propõe que na Iniciação haja bases para a doutrina esotérica de transmutação do homem, o que no vocabulário alquímico significa a mudança de natureza nos corpos materiais. Para o Rito, o homem antes profano, após a Iniciação, se modificará em Maçom, ou seja, o Iniciado, no Rito Escocês, sofrerá a mudança de sua natureza mundana em maçônica, o que o referenda à evolução pelos Graus e aperfeiçoamentos. Porém, a presença na Câmara é apenas parte do processo iniciatório, que contemplará ainda, após a experiência da Terra, os elementos Ar, Água e Fogo. De acordo com Allec Mellor, no Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons, estes elementos são purificadores, doutrina típica da ritualística escocesista, apropriando tratados alquímicos do século XVIII, os tornando adequados à iniciação maçônica. Os denominados Quatro Elementos são a base para todas as formas materiais do universo e é sua ação quádrupla e combinada sobre o homem que transforma o profano em iniciado (1989:108). Especificando o elemento Terra, Mellor esclarece que para o Rito Escocês Antigo e Aceito, o enclausuramento da Câmara de Reflexão seria a descida mitológica aos infernos, o que a abre a série purificadora (1989:232). Comentando a espacialidade do ambiente, Paulo Hernandes, em seu Curso de Formação de Aprendizes do R.E.A.A., a Câmara é pequena sala sem janela, que representa uma caverna.

Nicola Aslan concebe a Câmara de Reflexão como um recurso didático que envolve a psicologia do homem em seu Comentários ao Ritual de Aprendiz. Para ele, a Câmara é um alento inspirador que facilita a meditação do homem em sua aspiração espiritualista, favorecendo o afastamento dos pensamentos materialistas. Para esta finalidade, o autor evoca a atuação colaborativa do Ir. Experto, que tem por função acompanhar o Recipiendiário fazendo exortações e respeitando o momento de reflexão. Este é um momento de desprendimento do mundo material (2006:52-53). A aparência sepulcral é formalizada com a assinatura do Testamento. Para Rizzardo DaCamino, em seu Dicionário Maçônico, neste momento o profano despreza a matéria (2018:87). Filosoficamente, o cerimonial do elemento Terra apresenta ao Recipiendiário a essência da espiritualidade maçônica, o que a separa de um simples clube de serviço ou agremiação recreativa qualquer. A Alma, ou psiqué, do Recipiendiário será testada pelas purificações para enfim receber o Triplo Tinir emitido pela Espada Flamejante efetuado pelo Venerável Mestre, formalizando a sagração do Neófito.

No interior da Câmara de Reflexão há outros elementos cortejados pelos alquimistas, o Enxofre, o Mercúrio e o Sal. A exegese destes símbolos é expedida em conjunto ou separadamente. Na finalidade conjunta, estes símbolos aludem ao Ovo, representação alquímica de Origem. De acordo com Aslan, no Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, o ovo é a primeira célula do novo embrião, ao unir os princípios masculinos e femininos que originam a vida. Os hindus, inclusive, creem que o mundo saiu de um ovo. Citando Mackey e Farber, o autor conclui que Escolas de Mistérios, como os Dionisíacos, que reverenciavam a ressureição, entendiam o ovo simbolizando a vida após a morte e que esta foi a origem do Ovo da Páscoa (2012:953-954). A Maçonaria Especulativa não utiliza nenhum símbolo nomeadamente Ovo, mas sua representação esotérica está conjuntamente aplicada à tríade alquímica da Câmara de Reflexão. Ora, se esta é um sepulcro, o homem renascerá maçonicamente, abandonando o ser profano. A ideia de sucumbir ao interior da Terra e voltar à vida foi algo comum nas Escolas de Mistérios, gregas, como o caso dionisíaco, como egípcio, de tradição Osiriana. Entendendo a Câmara como o Ovo, Jules Boucher, no livro A Simbólica Maçônica considera elementos alquímicos, de lá típicos, por clara (Mercúrio), gema (Enxofre) e casca (Sal); ou ainda, Enxofre, princípio Masculino, Mercúrio, princípio Feminino, e Sal, elemento neutro ou estabilizador das partes (2015:47).

O Enxofre, analisado separadamente por Paulo Hernandes, é o Homem ou ardor (2017:138). Esta hermenêutica para o símbolo, parece atender dois fundamentos, a aceitação de argumento de autoridade, que toma por referência autores consagrados e a intepretação por analogia, tomando por base a qualidade material do símbolo, de alta fervura. Desse modo, Paulo Hernandes, autor moderno, utiliza a definição antiga dada por Boucher, autor mais antigo, e arrisca uma exegese alternativa, a do ardor, baseado na qualidade material do elemento. Esta problematização é importante pois convida à reflexão sobre a validação interpretativa dos símbolos maçônicos, assim como sua aceitação à aplicação autoritativa na formulação dos Rituais e em sua oficialidade, o que implica no arcabouço doutrinário do Rito e sua apresentação científica para o grande público e oferece elementos para a discussão e debate, seja entre maçons, seja entre maçons e profanos. Na exegese feita por Luiz Fachin, em sua coleção Virtude e Verdade Tomo I, o Enxofre é a força que une as moléculas, ou o espírito, força vital (2018:235). Façamos um esforço para entender a lógica desta exegese, pois o autor, como é comum na maioria dos exegetas maçônicos, não aprofunda sua definição para que tenhamos uma fundamentação apurada. Suponhamos que o Enxofre, tradicionalmente entendido como elemento representativo do Homem, seja identificado com a Força unificadora, por isso há a ideia de força na definição. A classificação de espírito talvez seja uma dialética que o autor faz ao definir a Bilha de água, a qual considera ser esta representação da alma, ou energia vital (2018:235). Além do mais, o autor não explica o porquê de suas classificações que atuam para as definições ou de que base doutrinária, ou filosófica, ele retirou a ideia de espírito- força vital = Enxofre (Homem?) e alma-energia vital = Bilha de água. Sintético, Aslan explica que o Enxofre é o princípio essencial dos corpos para os alquimistas, ou seja, é o princípio ativo e (por isso) representa o Homem (2012:434). Ora, o princípio ativo na Maçonaria é geralmente interpretado como sendo o Homem, tal qual o é o Maço. Nas interpretações esotéricas é tradicional que todo princípio considerado ativo seja tido por Masculino, e passivo, o Feminino.

A hermenêutica utilizada para a interpretação dos símbolos se faz principalmente através da dialética entre os elementos. Por exemplo, para que haja o entendimento adequado do porquê do Enxofre, os exegetas utilizam sua interação com o Sal e com o Mercúrio. Isso determinou que Jules Boucher entendesse que a Câmara de Reflexão fosse o Ovo filosofal, atendendo provavelmente a uma tradição maçônica como ficou demonstrada na exposição de Aslan. Interessantemente, o elemento Mercúrio é materialmente representado pelo Galo, e este é interpretado individualmente. O Galo (Mercúrio) está apresentado com o dístico Vigilância e Perseverança. De acordo com Paulo Hernandes, o Galo convida o maçom a ser vigilante na sociedade e anuncia uma nova era de domínio luminar (2017:158). Esta intepretação é similar à de Mello, o Galo simboliza a perseverança no ato da iniciação para a purificação pelos Elementos e o fim da noite profana (1989:121). Aqui temos exegeses as quais o Galo é interpretado de modo isolado, sem a dialética com o Enxofre ou com o Sal. O Galo é analisado de modo análogo à sua qualidade de anunciar o dia, entendido como a iniciação e chave interpretativa para a divisa da Câmara de Reflexão, Perseverança e Vigilância. Para Nicola Aslan, porém, o Galo não apenas anuncia uma nova existência, mas também o princípio da Inteligência e da Sabedoria. Esta exegese se parece em muito com a utilizada pela ideia de Maço e Cinzel, Força e Inteligência, para o desbaste da Pedra Bruta. Parece que a hermenêutica de Aslan segue esta mesma técnica ao lidar com o Mercúrio (Galo), fazendo uma análise que não dispensa o Enxofre. Se este é princípio ativo, ou Força, aquele é necessariamente passivo, inteligência. Temos, então, o Masculino e o Feminino, ou melhor, o Ativo e o Passivo (2006:63). Esta hermenêutica é muito comum entre os exegetas maçônicos que analisam símbolos associados, seja Maço e Cinzel, Régua de 24 polegadas e Alavanca, Sol e Lua, dentre outros. Porém, o que merece crítica nesta interpretação do simbolismo do Galo em Aslan é a falha em oferecer Inteligência e Sabedoria como sinônimos. A inteligência não possui a mesma compreensão dada a Sabedoria nos meios esotéricos. A Sabedoria é sempre imaginada como sendo superior à inteligência, não basta ser inteligente e não ser sábio. O conceito de Sabedoria é muito desgastado no simbolismo maçônico, sendo exaustivamente utilizado. Por exemplo, à Sabedoria será atribuído, além do Galo, a joia do Venerável Mestre, dentre outros. Complementando a simbologia do Galo, temos uma importante explicação de Jules Boucher: O Galo é o arauto do Sol e consagrado ao deus Mercúrio. Na Idade Média, o Galo é comumente utilizado no topo das igrejas, especialmente na França, simbolizando a penitência de São Pedro e a renovação, pelo perdão, de um novo dia. Na Maçonaria o Galo é exposto da cripta simbolizando pela sua altivez e destemor o anúncio da Iniciação ao Recipiendiário (2015:47-48). Aqui temos a ideia que indica ser o Galo um animal utilizado no simbolismo religioso especialmente na França, o que o credencia a ser parte do cerimonial da tradição hermética de cenário francês.

O Sal, de acordo com Paulo Hernandes, simboliza a incorruptibilidade, a perpetuidade (da alma), a sabedoria e a ponderação (2017:138). Mais uma vez sabedoria aparece como recurso exegético. A ideia de incorruptibilidade e imortalidade da alma merece atenção, pois está bem concatenada com a doutrina dos Landmarks. Rizzardo da Camino, comentando o símbolo do Sal, o faz pela associação com os Altos Graus, o qual o pão espargido com sal simboliza o alimento completo, material e espiritual (2008:359).  Os dois exegetas concordam, em ultima análise, que o Sal simboliza a espiritualidade maçônica. Para Aslan, baseado em Wirth, o Sal é símbolo de sabedoria e ponderação (2012:1223). Esta ideia talvez influenciara Paulo Hernandes em dedicar sabedoria ao Sal. A problemática na intepretação de Aslan está na exorbitância na atribuição dos conceitos simbólicos, Sabedoria é despudoradamente entendida em símbolos que fazem parte de um mesmo contexto simbólico. Na tríade Enxofre-Mercúrio-Sal, ou na dimensão de Câmara de Reflexão, Sabedoria está elencada repetidamente em símbolos como Mercúrio e Sal. Ora, façamos uma dedução silogística simplória, o Sal é conceitualmente um estabilizador de acordo com o teórico Oswald Wirth, base argumentativa para Aslan. Esta estabilização é atuante sobre o Enxofre e o Mercúrio, o que o faz ser entendido como símbolo de sabedoria e ponderação. O Mercúrio, ou Galo, para Aslan será também entendido como símbolo de sabedoria, depauperando o conceito. Fica difícil sistematizar este simbolismo, pois a propriedade que faz o Sal ser conceituado por sabedoria, sofre com o paradoxo do Mercúrio estar também associado à sabedoria e não ser, analogamente, nem estabilizador nem ponderador.  O Sal será símbolo de sabedoria, ainda, para Luiz Fachin (2018:235) e Jules Boucher (2015:47). A sabedoria também estará na interpretação de Aslan com relação ao símbolo da Caveira, pela representação do crânio (2006:64). Esta contumácia desafia qualquer hermenêutica que tente dar explicações plausíveis, originais e construtivas dialeticamente.

A Caveira, talvez seja o mais simples símbolo e o que represente a maior facilidade e concordância exegética. Paulo Hernandes tem a Caveira por identificadora do local e alusão á perecibilidade da matéria, a morte para o mundo profano (2017:138). Interessantemente, Jules Boucher analisa a Caveira e a Ampulheta em conjunto devido sua originalidade entre os trapistas (Ordem religiosa francesa da Abadia de La Trappe, cenobitas que se retiram do mundo), tem a ideia de despojamento do velho homem, a transmutação do chumbo vil em ouro ou ciclo de transmutações (2015:48). De acordo com Castellani, no Dicionário Etimológico, o Crânio (Caveira) simboliza a efemeridade (2004:132), similarmente a Luiz Fachin (2018:238) e Rizzardo (2018:123). A diferença entre sabedoria e o mundo profano é doutrina maçônica em toda sua logicidade, o que demonstra uma falha exegética de Aslan causada pela pertinácia em repetir conceitos em suas interpretações, implicando contradições.

A Ampulheta, de fácil compreensão e de costumaz similaridade entre os exegetas, na defesa de Paulo Hernandes simboliza o tempo secular, que deve estar a favor do aperfeiçoamento (2017:138). Para Aslan, é a preocupação com o tempo e sua materialidade (2006:65). De acordo com Rizzardo, simboliza a fluidez temporal (2018:41). A Ampulheta está associada com a Caveira por Jules Boucher por diretiva hermenêutica, ou seja, pela sua escolha técnica, neste item, em definir o conceito pela sua originalidade, mas não é uma prática entre os maçons esta associação a estes símbolos.

O Pão e a Bilha de água, elementos interpretados corretamente de modo conjunto. Portanto, no contexto de Câmara de Reflexões, a água não possui o mesmo efeito esotérico que usado em sua forma isolada ou alquímica e purificadora. Nicola Aslan, de modo suscinto e acertado, entende que o Pão simboliza o alimento material e a Bilha de água, o alimento espiritual (2006:66), referenciando a simplicidade e o necessário para as jornadas alquímicas. No entanto, Luiz Fachin arrisca uma exegese complicada ao separar os elementos e tentar arriscar uma hermenêutica em que o Pão é símbolo de alimento espiritual e material e a Bilha de água deve ser entendida em correlação ao Enxofre, sendo esta força vital-espírito e aquela, energia vital-alma (2018:235). Para que houvesse uma correta assimilação desta hermenêutica, seria necessário que o autor fizesse uma demonstração teórica do que seria os conceitos apresentados e o porquê desta escolha e a finalidade na Câmara de Reflexão. Consoante Castellani, a Bilha de água representa o alimento espiritual no contexto da Câmara, sendo o Elemento Água, isoladamente, no contexto de jornada iniciática, representando purificação compondo com o Mar de Bronze (2004:22). Outrossim, Jules Boucher justifica os elementos por sua raiz bíblica. Foi este conjunto de elementos que Elias recebeu do anjo para subir o Monte Horebe, por quarenta dias e quarenta noites (1 Rs 19. 6-8). A Bilha de água simboliza o alimento espiritual e o Pão a força moral, úteis para as provas em seus desafios (2015:47). A moralidade em Maçonaria não está dissociada de espiritualismo.

O V.I.T.R.I.O.L é uma divisa utilizada pelos antigos hermetistas, apropriado posteriormente pelo movimento rosacruciano, que são as iniciais para Visita Interiora Terrae, Rectificando, invenies Occultum Lapidem, ou numa livre interpretação, Visita o Interior da Terra e, Retificando, encontrarás a Pedra Oculta. Esta exposição hermética caracteriza a natureza do Rito Escocês Antigo e Aceito. Interpretando, Rizzardo entende que Interior da Terra é a Câmara de Reflexão; retificando, seria o abandono do mundo profano; e a Pedra Oculta seria o desvendamento da Iniciação (2018:410). Luiz Fachin prefere aventurar na exegese parafraseando a divisa e interpretando Occultum Lapidem que seria pedra bruta (sic) (2018:233). Para Nicola Aslan, sendo fiel ao conceito hermetista, o V.I.T.R.I.O.L. convida o profano a meditar e descer às profundezas do Eu, o que o facilita a enfrentar as purificações e desbastar a Pedra Bruta na condição de Aprendiz (2006:60). Outras intepretações não diferem destas, nem em qualidade nem em variedade, sendo o V.I.T.R.I.O.L.  entendido como uma marca hermetista que assume o Rito Escocês Antigo e Aceito.

O Testamento dispensa maiores comentários, não é um documento totalmente simbólico pois sua elaboração atende a interesses jurídicos e morais do Candidato, pois é uma certidão escrita de próprio punho do interessado em Maçonaria o que declara ser ele consciente de sua escolha e forma autônoma de comprometimento. Não há nada que o coaja em ser Maçom que não a sua livre escolha e poder de decisão.

CONCLUSÃO E ADENDO ÀS PROBLEMATIZAÇÕES

A Câmara de Reflexão é um importante fator doutrinário da Maçonaria escocesista. Ela corresponde a uma exegese de Espaço, pois complementa o sistema do Templo, e possui função Iniciática, pois representa a purificação pela Terra. O complexo simbólico que ornamenta a Câmara, nos mais variados itens, justifica o hermetismo. Os símbolos, afinal, ajudam o Recipendiário a interiorizar os significados da Iniciação de modo dramático, tal qual eram os costumes das Escolas de Mistério.

O que a literatura maçônica nos ensina sobre a compreensão destes símbolos foram resumidamente expostos neste trabalho. O que atenta a problematizações em Maçonaria é a diversidade de intepretações, algumas delas sem preocupações com hermenêutica ou com exegeses complicadas que dificilmente escapam a crítica de estudiosos de doutrinas ou até mesmo o simples estudante atencioso. A pauperização simbólica é danosa à Maçonaria pois a deixa artificial e sem profundidade. A livre intepretação deve ser acatada, mas com a decência e com o comprometimento que a Ordem merece. A chantagem de que a Maçonaria não deve ser sistematiza em sua religiosidade por não ser uma Religião é um dos maiores males praticados por aqueles que por preguiça, despreparo ou desvirtuamento, implicam à Maçonaria. Este esvaziamento doutrinário, além de superficializar, provoca confusão e desinteresse à Ordem, pois estará se tornando um clube recreativo, sem a menor reverência. Os exegetas que discutem os símbolos, porém, além da boa vontade, devem exercer maiores cuidados e um pouco mais de paciência em fazer suas análises e definições. A hermenêutica deve ser aplicada harmoniosamente e explicada ao estudante de modo a facilitar a compreensão e despertar maiores interesses. Por exemplo, conceitos aplicados a símbolos merecem ser melhor avalizados, termos como alma e espírito metodizados, evitando trivialidades ou incoerências.

O Elemento Terra, hermeticamente, começa a Iniciação separando o profano de sua materialidade. Esta espiritualidade maçônica demonstra ao Reciepiendiário que a Maçonaria está baseada em uma filosofia religiosa que a difere de outras correntes ou associações filosóficas puramente moralistas. O reconhecimento que o homem não é apenas matéria atende ao Landmark maçônico de imortalidade da Alma e da crença em Deus como Senhor em essência e transcendência, que é aliás, alusivo, na simbologia da Câmara. Nisto consiste uma linda lição maçônica, pois após deixar o materialismo outras etapas serão oferecidas ao Candidato, o que consiste nos outros Elementos Iniciáticos.

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS


REFERÊNCIAS

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica "A TROLHA", 2012.

____________. Comentários ao Ritual de Aprendiz. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica "A TROLHA", 2006.

BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica ou a arte real reeditada e corrigida de acordo com as regras da simbólica esotérica e tradicional. Tradução de Frederico Ozanam Pessoa de Barros. 2 ed. São Paulo: Pensamento, 2015.

CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. 5 ed. São Paulo: Madras, 2018.

CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História Doutrina Prática. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA”, 2006.

_____________. Dicionário Etimológico Maçônico. 2 ed. Londrina: Editora Maçônica "A TROLHA", 2004.

FACHIN, Luiz. Virtude e Verdade Graus simbólicos Tomo I. 2 ed. Porto Alegre: Editora Agir, 2015.

HERNANDES, Paulo Antonio Outeiro. Curso de Formação de Aprendizes do R.E.A.A. 2 ed. Londrina:Editora Maçônica “A TROLHA”, 2017.

MELLOR, Alec. Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons. Tradução: Sociedade das Ciências Antigas revisado por Marina Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

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