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terça-feira, 27 de abril de 2021

AFIRMAÇÃO DO IDEÁRIO ROSACRUCIANO RELACIONADO ÀS NARRATIVAS DE UMA INSTITUCIONAL ORDEM ROSACRUZ- SÉCULO XVII

 


O Rosacrucianismo, no século XVII, estava carente de uma concreta organização institucional, o imaginário estava sobreposto a qualquer indício de materialidade história de que houvesse uma efetiva sociedade ou fraternidade Rosacruz. Não há comprovação suficiente de que, para além do discurso, houvesse uma instituição nomeadamente rosacruciana, ou qualquer Loja com esta nomenclatura. Tampouco havia uma total ojeriza à estas possibilidades, pois a alquimia estava na moda em diversos reinos.

Os Manifestos, as publicações de entusiasmo ao ideário rosacruciano e os Cartazes de Paris, foram exemplos de que havia anseios favoráveis a uma instituição Rosacruz, coisa que não foi concretizada materialmente. Talvez, a explicação de que estavam fugindo de perseguições não seja contundente nem satisfatória. Por exemplo, Michael Maier, médico da corte de Jaime Stuart I, mesmo sendo acusado por franceses de que era “secretário” da Ordem Rosacruz e de escrever livros como Silêncio após clamores (1617) e Themis Aurea (1618), revelando, inclusive, minúcias da suposta Ordem, negou que fosse parte de uma instituição denominadamente Rosacruz; Maier nunca foi perturbado por autoridades civis a prestar depoimento desta duvidosa intimidade com rosacruzes. Considerado representante do movimento rosacruciano na Inglaterra, Robert Fludd também surfou na onda rosacruciana e publicou livros como se fosse um profundo conhecedor da Ordem, sua irmanação com Maier, porém, não foi confirmada em nenhum de seus escritos. As ideias de Fludd, se são originalmente rosacruzes, coloca em dilemas entidades modernas que usam a marca Rosacruz, principalmente suas posições sobre Deus, Jesus Cristo e anjos, que não são comuns nos meios hodiernos rosacrucianos.

A tradução dos Manifestos, do latim para o inglês, foi uma tentativa de materialização de uma sociedade Rosacruz feita por Thomas Vaughan (1612-1666) para popularizar o rosacrucianismo na Inglaterra; e na Holanda, em Leyden, aparece um “embaixador” à Ordem Rosacruz, denominada Rosa Cruz de Ouro (ou Dourada Rosacruz), fundada entre 1620 e 1622, ou seja, após os Manifestos. Esta Ordem, porém, não parecer ser uma herdeira direta dos Manifestos, pois esta não aparecia com este nome nos textos, nem à época dos Cartazes parisienses de 1623, ou seja, não há uma coerência entre os documentos publicados e a versão do correspondente da Rosa Cruz de Ouro, o misterioso Peter Mormius. Indiferentemente a estas suposições, a Rosa Cruz de Ouro foi uma tentativa de nomeação à uma instituição rosacruciana. 

INGLATERRA E HOLANDA, ELABORAÇÕES E REELABORAÇÕES DO ROSACRUCIANISMO.

O movimento rosacruciano, caracteristicamente imaginário, começa na Alemanha, particularmente em Tubingen, com o famoso Círculo de Tubingen, o qual foi considerado como sendo o idealizador dos Manifestos de 1614, 1615 e, com Valentim Andrea, o de 1616; os textos, costumeiramente, eram em latim, o que acercava-os de importância. A difusão deste movimento imaginário, muito por causa do apelo alquímico , tende a ser difundido entre os reinos. A Inglaterra, com Robert Fludd (1574-1637), muito bem recepcionou o rosacrucianismo, mais devido a um ambiente favorável às tradições alquimistas e suas promessas de cura do que por uma interrelação entre Manifestos e Fludd; aliás a narrativa que defende esta interação, usa o alemão Michael Maier (1568 - 1622), como sendo o elo entre os dois países, pela ligação entre Maier, médico, e o rei James Stuart I, com autores supondo que Maier e Fludd eram amigos, ou melhor frateres iniciados. Para Serge Hutin, no seu O esoterismo na história, a iniciação de Fludd foi feita na Alemanha (2009: 94), reforçando este país como sendo o berço do rosacrucianismo. Esta versão de amizade entre Fludd e Maier também é defendida por Cristopher McIntosh, no livro Os Mistérios da Rosa Cruz, acreditando que, porém, esta amizade começara em 1612 devido visita de Maier à corte de James Stuart I e não por visita de Fludd à Alemanha (1987:64). A ideia de que o rosacrucianismo está datado para antes dos Manifestos não é racional para Eric Sablé, do Dicionário dos Rosacruzes , defendendo que Fludd soube destas discussões apenas com a publicação, em 1614, do Fama Fraternitatis (2006:105-106). De todo modo, podemos concluir que Fludd lança seu primeiro livro com temática rosacruciana em 1616, o Apologia Compendiaria, e que o movimento rosacruciano começa na Alemanha marcado pelo Manifesto de 1614; deste modo podemos deduzir que o primeiro  país que recebe o imaginário do rosacrucianismo alemão é a Inglaterra e que seu principal entusiasta é Robert Fludd, independentemente de alusões a John Dee (1527-1609) ou das fantasias relacionadas a Francis Bacon (1561-1626), que nunca publicou nada com terminologia Rosacruz, mas não raramente é considerado o primeiro Imperator, líder internacional da Ordem Rosacruz. Porém, Fludd não possui documentação que o relacione a uma comunidade rosacruciana, exceto pelos seus escritos, que, aliás, possuem uma mentalidade destoante com o que preconizou ser uma doutrina Rosacruz com temas relacionados ao cristianismo. A relação desta difusão com Maier é possível, mas este estranhamente se nega fazer parte de uma instituição rosacruciana no Silêncio após clamores (1617), não havendo nenhuma ameaça à sua decisão caso fosse assumidamente partícipe de uma Ordem Rosacruz.

Considerado sucessor de Fludd na Inglaterra, Thomas Vaughan (1621-1666) ou, como era conhecido pelo pseudônimo, Eugenius Philalette, fez uma grande contribuição à expansão da mentalidade rosacruciana, principalmente para os territórios de língua inglesa, com a tradução dos Manifestos Fama Fraternitatis e o Confessio Fraternitatis, em 1652, independente de não ser partícipe da fraternidade. Apesar de afastar a possibilidade de fazer parte de uma Ordem Rosacruz, Vaughan dizia ter provas da existência dos rosacruzes, que nesta data ainda permaneciam misteriosos, inclusive na Inglaterra de Fludd, e que seus conhecimentos eram originários dos brâmanes (2006:302). Esta realocação para o Oriente será utilizada posteriormente para justificar a estranha não participação na fraternidade de pessoas influentes interessadas em seus ensinos. O nobre Thomas Vaughan era irmão do famoso poeta Henry Vaughan (1621-1695), autor dos Silex Scintillans (1650), e amigo do cientista Robert Boyle, responsável pela Royal Society. Os livros de temática rosacruciana foram o Antroposophia Theomagica, dedicado ao regenerado irmão R.C (1651) e o Lumen de Germine (1651), relacionado à alquimia rosacruciana (1987:68). Esta predominância da alquimia no discurso rosacruciano, no início da segunda metade do século XVII, ajudará no distanciamento com o cristianismo e com qualquer relação com a Reforma protestante, ou com o luteranismo, caracterizando, posteriormente, a doutrina da Tradição Primordial, cujo o tema alquimia é o principal instrumento. Porém, não seria Vaughan o pioneiro desta ideia, sendo esta já defendida por Maier e confusamente conciliada com o cristianismo por Fludd. A relação do rosacrucianismo com os mistérios alquímicos se fará constante com o intuito de distinção identitária entre mentalidade cristã e rosacruciana. Interessantemente, Vaughan recebera informações da fraternidade Rosacruz sem a necessidade de fazer parte desta misteriosíssima Ordem.

A tradução do Fama, inobstante, não foi iniciativa de Vaughan, sendo feita anteriormente para língua inglesa, de modo manuscrito, pelo escocês hermetista David Lindsay, o conde de Balcarres (1585-1641). Este nobre possuía uma casa, denominada Edzel Castle, que ficou famosa pelo Jardim dos Planetas, com representações dos sete planetas e as sete virtudes cardeais. McIntosh evidencia a relação entre hermetismo e a Escócia, ressaltando o rei Jaime IV (Jaime I da Inglaterra) como entusiasta do ocultismo e patrono dos hermetistas, considerando que o Jardim dos Planetas, de Balcarres, fosse um Templo de Mistério, local de instrução alquímica e possível centro de atividade rosacruciana, fazendo daquele país um ideal centro difusor do rosacrucianismo (1987:70). Não à toa o escocesismo em Maçonaria preze pelos símbolos hermetistas e sua iniciação obedeça a signos de tradição alquimista.

Independente da ilação de que Edzel Castle fosse um “Templo Rosacruz”, o tema rosacrucianista não era um tabu na sociedade de língua inglesa. As publicações eram assinadas por pessoas conhecidas na sociedade, o discurso era debatido abertamente, o tema era explorado tornando famosos vários escritores, não havia acossamento da parte de autoridades públicas, porém não havia uma instituição assumidamente Rosacruz. Christian Rebisse, autor de Rosa Cruz História e Mistérios, destaca a tentativa de explicação do motivo de não haver nenhum rosacruz assumidamente na Europa feita por Heinrich Neuhaus, no seu intrigante Piedoso e mui útil aviso a propósito dos rosacruzes. Existem eles realmente? Que são? de 1618, que opina estarem eles no Oriente (2012:155). Como analisado anteriormente, Vaughan especificará a relação entre rosacruzes e Oriente, os fazendo herdeiros dos brâmanes. A falta de rosacruzes na Europa, no entanto, fora esclarecida ainda em 1619 pelo autor do Terceiro Manifesto, Valentim Andrea, no seu Turris Babel onde denomina de ingênuos os que acreditam na pseudofraternidade dos rosacruzes (2008:295). Inobstante, a literatura rosacruciana dinamizada por lendas, tais quais Pedra Filosofal ou elixires curativos, tornava desconhecidos em influentes escritores, apesar das desconfianças e do relativo aparecimento de charlatões. 

Não menos influente, outro pretenso rosacruz de destaque, Elias Ashmole (1617-1692), autor de Theatrum Chemicum Britannicum (1652), tentou estar associado à mística popular rosacruciana. Fazendo referências ao Fama e ao misterioso irmão I.O., que curara um conde de Norfolk, Ashmole era entusiasta deste imaginário rosacrucianista. Foram achados em seus arquivos uma carta de pedido de ingresso à Fraternidade, como nos outros casos de supostos ou pretensos rosacruzes, mas jamais houve uma definição (2006:37). Porém, Ashmole era um reconhecido maçom. Sua iniciação na Ordem Maçônica se deu em Warrington, em 1646, assim como a de Robert Moray, um dos fundadores da Royal Society e genro de David Lindsey, iniciado em 1641 na Loja Mary´s Chapel, em Edimburgo. A alquimia aliava estes dois ingleses e certamente encontravam na Maçonaria ambiente para desenvolver suas ideias e, talvez, contribuir com a evolução dos ritos maçônicos. A simbologia do setenário no escocês Edzel Castle e a o hermetismo afinado aos reis escoceses da dinastia Stuart oferecem interessante conjuntura entre Tradição Primordial e a Maçonaria de Rito Escocês.

A predileção de Ashmole pelo hermetismo e esoterismos em geral não o fez um condenado pela sociedade inglesa ou pelas instâncias policialescas. Sua filiação à Maçonaria é indicativa de que esta Ordem reunia interessados em trabalhos que não exatamente em pedra ou com fins profissionais de construção de catedrais. Na Inglaterra, aliás, a Ordem Maçônica será organizada obediencialmente em 1717 e assumirá seu papel de escola iniciática com as Constituições de 1723, oferecendo ao Neófito um arcabouço doutrinário de espiritualidade baseada em hermetismo, a exemplo da simbologia setenária, transmutação da pedra bruta em pedra cúbica e o reconhecimento do sobrenatural pela lenda hiramita. Não havia, deste modo, contexto persecutório, na Inglaterra, a lojas ou templos de mistério.

As dificuldades de aparecer agentes pertencentes a uma Ordem Rosacruz na Inglaterra ou na Alemanha não foram sentidas na Holanda, pelo menos para McIntsosh que faz alusão a uma vaga informação de uma Ordem rosacrucianista funcionando em Haia, em 1622, fundada por um misterioso e sugestivo Christian Rose. Independente desta suposição, teólogos da cidade de Leyden, em 1625, pediram punição para escritos rosacrucianos que atacassem a igreja. Porém, foi nesta cidade que aparece o misterioso Peter Mormius, se dizendo representante de um Collegium Rosanium, publicando, em 1630, o livro Os segredos inteiros da natureza (1987:72). De acordo com Sablé, o nome do livro seria Arcanos secretíssimos de toda a natureza desvelada pelo Colégio Rosariano, deste modo fica mais claro que Mormius falava justamente em nome de uma instituição. A versão para a aventura de Mormius difere entre os autores. Para McIntosh, Mormius encontrara um senhor muito velho em 1620, que se chamava Rose afirmando ser membro da Dourada Rosa-Cruz, entidade composta por apenas três participantes. Nesta versão, Mormius pede para fazer parte da instituição e mesmo não sendo aceito lhe é revelado todos os segredos da Ordem, os quais tentou repassar para as autoridades locais, sem receber qualquer atenção (1987:72-73). Neste caso, Mormius não recebeu nenhuma retaliação das autoridades de Leyden, apenas foi desatendido ou pelo menos desconsiderado, certamente por não inspirar confiança. De acordo com Sablé, o nome completo do homem muito velho seria Frederico Rosa, o fundador da Sociedade Secreta Rosa Cruz de Ouro, em 1622, e Mormius, não sendo aceito como membro efetivo, foi considerado um famulus por Rosa, que o daria o direito de representar a sociedade. Com esta titulação, Mormius foi à Haia e tentou convencer as autoridades locais de sua legitimidade, considerou ainda fazer comércio com os conhecimentos a ele confiados. Não obtendo qualquer êxito, seja pelo reconhecimento em representar a Rosa Cruz de Ouro ou vendendo os mistérios, Mormius decide então escrever o livro Arcanos Secretíssimos (2006:243-244). O ideário rosacruciano, de acordo com Rebisse, e sua expansão na Holanda é de difícil comprobabilidade pois as informações são muito imprecisas, dentre as quais uma tradução do Fama ainda na data de 1615, um pedido de admissão em carta para a Ordem da Rosa Cruz feita por Andreas Hoberveschel von Hobernfeld, seguidor de Frederico V, que estava exilado em Haia, e de uma carta escrita por um tal Paul Rubens com alegações de que em 1623 funcionara um Palácio Rosacruz em Haia.  Curiosamente, o autor apresenta um caso que envolve o pintor alquimista Johannes Symansz Torrentius e seu colega Christian Coppens presos em 1627 acusados de serem rosacruzes. A condenação do pintor seria a morte, mas foi salvo por intervenção de Carlos Stuart I da Inglaterra que o deu residência em Londres em 1630, mesmo ano de lançamento do livro de Mormius, em Leyden, província também holandesa (2012:174). Numa rápida pesquisa pela enciclopédia digital wikipedia, temos que Torrentius foi processado em Haarlem mas que além da acusação de ser rosacruciano, sua forma de conceber arte era o que mais pesava em suas acusações, sendo conhecido pelo estilo de vida depravado (Hij was berucht om wat beschouwd werd als een liederlijke levenswijze cf. https://nl.wikipedia.org/wiki/Johannes_Torrentius, acessado em 27/04/2021). O favor prestado a Torrentius por Carlos Stuart I, considerando a tradição hermetista dos Stuarts, maçônicamente denominada escocismo ou escocesismo, talvez tenha sido por causa de sua relação ao ideário rosacruciano e não exatamente por suas inclinações artísticas escandalosas. 

Peter Mormius usou o rosacrucianismo seja por promoção pessoal seja pela propaganda de seu livro em território holandês. A sua aventura, não o fez receber nenhuma condenação, atuava livremente, pelo menos, em Haia e Leyden, difundiu o ideário rosacruciano como pôde e inspirou muitos outros holandeses na aceitação de uma síntese da Tradição Primordial. O selo ou marca Ordem Rosa Cruz Dourada (ou de Ouro) foi uma tentativa de nomear o rosacrucianismo como sendo uma instituição com nomenclatura própria, antes descrita superficialmente por Sociedade ou Fraternidade Rosa Cruz. Neste caso, foi na Holanda, através deste tentame, que o imaginário Rosacruz recebe um representante legítimo, na pessoa de Mormius, e um novo pai fundador, ou pelo menos um novo mito fundador, que é Frederico Rosa, que fará implicação na mudança de idealização rosacruciana, antes alternativa cristã, para um gnosticismo judaico cristão cabalístico que dará vazão, independente do apoio bíblico, a uma doutrinação hermetista inédita. Porém, seria infundado crer que houvesse uma instituição verdadeira e organizada rosacruciana, seu idealizador era apenas um interesseiro que buscou notoriedade na popularidade do rosacrucianismo.

CONCLUSÃO

A falta de comprovação de uma sociedade Rosacruz organizada não ajuda aos pesquisadores que anseiam por respostas de como seria esta irmandade ou fraternidade, pelo menos a partir da publicação dos Manifestos. O ideário Rosacruz, independente de qualquer constatação documental de que houvesse uma instituição organizada, estava sendo difundido por personalidades do hermetismo, principalmente na Alemanha, país sede do rosacrucianismo, e na Inglaterra, país que ofereceu um ambiente bastante favorável para a expansão desta doutrina. No entanto, foi na Holanda que houve um testemunho mais afirmativo com a intenção de promover uma institucionalização do rosacrucianismo. Diferentemente com o que se fazia observar com representantes alemães e ingleses, o holandês Peter Mormius decide assumir uma forma de pertença ao ideário Rosacruz que não estava limitado ao discurso, mas, para além disso, estaria inserido a uma suposta organizada Ordem, estandardizada com o nome de Ordem Rosa Cruz Dourada (ou de Ouro), variando de acordo com as traduções.

A carência documental de que os Manifestos Rosacruzes estavam a serviço de uma Ordem organizada, superficialmente denominada de Sociedade ou Fraternidade Rosacruz, deixam a lacuna para que intepretações sejam feitas e opiniões sejam dadas dos motivos do desconhecimento da instituição. Além da total negativa feita por Michael Maier e Valentim Andrea, de que eram parte de uma instituição rosacruciana, temos ainda o silêncio de Robert Fludd que muito utilizou o pensamento que seria rosacruciano, mas nunca comprovou fazer parte de uma instituição Rosacruz. Não foi sem motivo que Heinrich Neuhaus, na Alemanha, e Thomas Vaughan, na Inglaterra, consideraram que os rosacruzes desapareceram do continente. A defesa de que esta sociedade ou fraternidade era super secreta e que estava acossada por autoridades civis e religiosas não condiz com a publicidade dada na Alemanha e na Inglaterra, com autores promovendo o que seria rosacrucianismo de modo aberto e até com tutela de reis. Com a popularização dos Manifestos, feita por tradutores escoceses e ingleses, oferecera uma base de alistamento de interessados em aprender a arte da alquimia, cabala e astrologia, que compreendiam o hermetismo que afamava muitos tutelados nas Cortes. Porém, foi apenas na Holanda, com Peter Mormius, pela publicação de seu livro em 1630, que um indivíduo decide assumir a existência de uma entidade institucionalizada de denominação Rosacruz. 

A Ordem Rosa Cruz Dourada ajudou na busca da institucionalização do rosacrucianismo, com sua nova redimensão doutrinária, afastando o cristianismo místico e adotando doutrinas de esoterismo gnóstico e releituras do paracelcismo. A mudança da mitologia de fundação, desta feita baseada em Frederico Rosa e sua misteriosa organização, daria características para autenticar o que seria e como seria uma Ordem Rosa Cruz para o século XVIII, e tempos hodiernos.

E.L. Mendonça
À.G.D.G.A.D.U.
Saluctem Punctis Trianguli

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HUTIN, Serge. O esoterismo da História Da Atlântida aos Estados Unidos De Cagliostro à Mary Poppins. Tradução de Rosana Pontes. Curitiba: Grande Loja de Jurisdição portuguesa, 2004.

MCINTOSH, Christopher. Os mistérios da Rosa-Cruz. Tradução de Ayudano Arruda. São Paulo: IBRASA,1987.

REBISSE, Christian. Rosa Cruz História e Mistérios. 2 ed. Curitiba: Grande Loja da Jurisdição portuguesa, 2012.

SABLÉ, Erik. Dicionário dos Rosa-Cruzes. Tradução de Renata Maria Parreira Cordeiro. São Paulo: Madras, 2006.


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