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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

ANÁLISE DO LIVRO: O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA VOL.II ( ALBERT G. MACKEY ) PARTE XXVII


O Livro “O Simbolismo da Maçonaria”  foi publicado originalmente em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.

CAPÍTULO XVII: A LENDA DO TERCEIRO GRAU

O símbolo lendário de Hiram Abiff é a marca do Terceiro Grau da Maçonaria. O primeiro registro escrito desta lenda é a segunda edição das Constituições de Anderson de 1738, que versa sobre a construção do templo terminada em sete anos e que na celebração da cumeeira houve a notícia do assassinato do Mestre Hiram, enterrado na Loja próxima ao templo. Na terceira edição, de 1756, foi acrescentado a tristeza do Rei Salomão e as exéquias com grande solenidade e decência . Esta lenda é derivada da doutrina da imortalidade da alma, oralmente ensinada pela Maçonaria Pura, mas que era encenada nas Escolas de Mistérios nas iniciações

A adoração sabeísta interpretava que o movimento aparente do sol representava a ressurreição a cada manhã, simbolizando a regeneração da alma. Por este exemplo, os egípcios no rito de Osíris, os  fenícios, no de Adônis e os sírios com de Dionísio, ensinavam com aparato cênico o dogma de uma vida futura. Na fusão entre as Maçonarias de Jerusalém e a de Tiro durante a construção do Templo, a iniciação foi adotada como sendo o método de ensino da tradição oral dos noaquitas. A representação cênica, à moda dionisíaca praticada no oriente, foi adotada por ser o mito peculiar dos mistérios praticados pelos operários de Tiro. Hiram Abiff é o exemplo mítico do homem que habita no mundo e que recebe a verdade divina pela Palavra para construir o templo espiritual de acordo com o planejado sobre a tábua de delinear, invocando a assistência de Deus.

A materialidade do corpo humano faz com que a Palavra seja perdida por um tempo. Porém, a Alma imortal faz com que o homem saia da tumba por um novo nascimento para a vida futura tendo como função um cunho de finalidade maior. As interpretação desta finalidade variam entre os autores maçons. Para uns simboliza a Ordem Templária, destruída e restaurada na Maçonaria; para outros, como Hutchinson (autor de O Espírito da Maçonaria, 1775) e Oliver (Landmarks históricos da Maçonaria,1846), a interpretação está relacionada com ideias bíblicas de fundo religioso, tal como a regeneração do judaísmo sob a ascenção cristã ou a morte de Adão reparada pela Ressureição do Senhor .Outros ainda recusam a religiosidade maçônica acreditando que seja as mudanças anuais solar, recaindo na perversão sabeísta.

A interpretação religiosa cristianizada , porém, merece algumas ressalvas pois a Maçonaria adotou lendas derivadas de povos a partir da fé primitiva (noaquita) preservando sua universalidade , persistindo em seus altares homens de todas as religiões .A interpretação cristã ajuda a compreender, a seu modo ,pelo predomínio dos indivíduos,  o simbolismo da lenda que evoca simplesmente a crença  da imortalidade da alma.

A Maçonaria praticada por Mackey, predominante nos Estados Unidos, inclusive no Rito Escocês Antigo e Aceito, não “negocia” terminantemente a espiritualidade baseada na imortalidade da alma, pré-requisito  para a crença teísta em Deus. O maçom possui esta verdade preservada em sua Lenda do Terceiro Grau e qualquer interpretação é válida desde que aproximada com a defesa espiritualista. A doutrina é simples e justificada como sendo uma herança direta da regeneração humana pós diluvio. Nos escritos, Mackey é mais afinado com as interpretações judaico-cristãs, baseado na tradição maçônica, principalmente de língua inglesa. Porém, mantém intacta a universalidade maçônica em sua essência.

O cosmopolitismo da Maçonaria, baseado nos Mistérios Antigos, entende que a Lenda de Hiram é adequada aos dogmas gerais da ressurreição do corpo e a imortalidade da alma. Com o cristianismo, a ideia central permanece mas houve ressignificação pelos termos utilizados. Por exemplo, o Monte Calvário é interpretado como referencia de espaço na lenda, seja por ser o local onde está depositado, por Enoque, o Nome Inefável descoberto por Salomão, seja por ser o local de plantio da acácia simbolizando a ressurreição do corpo de Cristo, na mesma localidade. Desse modo, o Monte Moriá é ressignificado em Monte Calvário, sem que se perca o sentido de que o homem possui a alma imortal e a Maçonaria reconhece esta doutrina e espiritualidade. 

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS

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