O Livro “O Simbolismo da Maçonaria” foi publicado originalmente em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.
CAPÍTULO XVII: A LENDA DO
TERCEIRO GRAU
O símbolo lendário de Hiram Abiff
é a marca do Terceiro Grau da Maçonaria. O primeiro registro escrito desta
lenda é a segunda edição das Constituições de Anderson de 1738, que versa sobre
a construção do templo terminada em sete anos e que na celebração da cumeeira
houve a notícia do assassinato do Mestre Hiram, enterrado na Loja próxima ao
templo. Na terceira edição, de 1756, foi acrescentado a tristeza do Rei
Salomão e as exéquias com grande solenidade e decência . Esta lenda é
derivada da doutrina da imortalidade da alma, oralmente ensinada pela Maçonaria
Pura, mas que era encenada nas Escolas de Mistérios nas iniciações
A adoração sabeísta interpretava
que o movimento aparente do sol representava a ressurreição a cada manhã,
simbolizando a regeneração da alma. Por este exemplo, os egípcios no
rito de Osíris, os fenícios, no de
Adônis e os sírios com de Dionísio, ensinavam com aparato cênico o dogma
de uma vida futura. Na fusão entre as Maçonarias de Jerusalém e a de Tiro
durante a construção do Templo, a iniciação foi adotada como sendo o método de
ensino da tradição oral dos noaquitas. A representação cênica, à moda
dionisíaca praticada no oriente, foi adotada por ser o mito peculiar dos
mistérios praticados pelos operários de Tiro. Hiram Abiff é o exemplo
mítico do homem que habita no mundo e que recebe a verdade divina pela Palavra
para construir o templo espiritual de acordo com o planejado sobre a tábua
de delinear, invocando a assistência de Deus.
A materialidade do corpo humano
faz com que a Palavra seja perdida por um tempo. Porém, a Alma imortal
faz com que o homem saia da tumba por um novo nascimento para a vida futura
tendo como função um cunho de finalidade maior. As interpretação desta
finalidade variam entre os autores maçons. Para uns simboliza a Ordem
Templária, destruída e restaurada na Maçonaria; para outros, como Hutchinson (autor
de O Espírito da Maçonaria, 1775) e Oliver (Landmarks históricos da
Maçonaria,1846), a interpretação está relacionada com ideias bíblicas de fundo
religioso, tal como a regeneração do judaísmo sob a ascenção cristã ou a morte
de Adão reparada pela Ressureição do Senhor .Outros ainda recusam a
religiosidade maçônica acreditando que seja as mudanças anuais solar, recaindo
na perversão sabeísta.
A interpretação religiosa
cristianizada , porém, merece algumas ressalvas pois a Maçonaria adotou lendas
derivadas de povos a partir da fé primitiva (noaquita) preservando sua universalidade
, persistindo em seus altares homens de todas as religiões .A
interpretação cristã ajuda a compreender, a seu modo ,pelo predomínio dos
indivíduos, o simbolismo da lenda que
evoca simplesmente a crença da imortalidade
da alma.
A Maçonaria praticada por Mackey,
predominante nos Estados Unidos, inclusive no Rito Escocês Antigo e Aceito, não
“negocia” terminantemente a espiritualidade baseada na imortalidade da alma,
pré-requisito para a crença teísta em
Deus. O maçom possui esta verdade preservada em sua Lenda do Terceiro Grau e
qualquer interpretação é válida desde que aproximada com a defesa
espiritualista. A doutrina é simples e justificada como sendo uma herança
direta da regeneração humana pós diluvio. Nos escritos, Mackey é mais afinado
com as interpretações judaico-cristãs, baseado na tradição maçônica,
principalmente de língua inglesa. Porém, mantém intacta a universalidade
maçônica em sua essência.
O cosmopolitismo da Maçonaria,
baseado nos Mistérios Antigos, entende que a Lenda de Hiram é adequada aos dogmas
gerais da ressurreição do corpo e a imortalidade da alma. Com o
cristianismo, a ideia central permanece mas houve ressignificação pelos termos
utilizados. Por exemplo, o Monte Calvário é interpretado como referencia de
espaço na lenda, seja por ser o local onde está depositado, por Enoque, o Nome
Inefável descoberto por Salomão, seja por ser o local de plantio da acácia
simbolizando a ressurreição do corpo de Cristo, na mesma localidade. Desse
modo, o Monte Moriá é ressignificado em Monte Calvário, sem que se perca o
sentido de que o homem possui a alma imortal e a Maçonaria reconhece esta
doutrina e espiritualidade.
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