A chamada “manifestação de interesse” é uma estratégia do Grande Oriente do Brasil em aumentar seus quadros de filiados causando uma distensão na tradição maçônica e em seu modo de proceder o acesso aos mistérios da Ordem. Diante de baixa nos números de interessados e a alta evasão dos quadros, esta estratégia foi lançada com o intuito de facilitar o “interesse” de profanos e dar “transparência” aos procedimentos de aquisição de novos maçons. Porém, este novo procedimento de adquirição apresenta falhas estruturais que podem comprometer a imagem da Ordem, bem como sua tradição hermética.
A Constituição do G.O.B define a Maçonaria como: “Art. 1º A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Parágrafo único”. (grifo meu)
O conceito de iniciática constitui que para fazer parte da Ordem, o neófito é aceito depois de uma Cerimônia de Iniciação. Nesta cerimônia sublime, o recipiendiário começa a conhecer os segredos que o distingue dos “profanos”.
A Maçonaria, desse modo, cultiva em sua tradição a discrição em seus trabalhos baseado em seu círculo encoberto por mistérios. A aprendizagem concedida ao maçons e sua evolução faz crer que a Maçonaria seja uma escola iniciática em seus mistérios.
Para José Castellani, a Maçonaria é uma “Instituição Iniciática hermética” de alta espiritualidade e esoterismo ( 2006:121). O Egito Antigo e sua religiosidade é considerado o “pai” das sociedades iniciáticas, de acordo com os testemunhos de Clemente de Alexandria( apologista cristão ateniense, estudioso dos mistérios das antigas civilizações ) e Heródoto foram as comunidades iniciáticas egípcias que influenciaram as escolas de mistérios gregas(SIGNER e THOMAZO,2011:14). A tradição do culto ao Sol e a encenação da Lenda de Osíris influenciaram os mistérios gregos baseados no eterno ciclo da natureza, no anseio de conforto íntimo e certezas morais. O Orfismo com os mistérios órficos (luta entre corpo e alma), os Mistérios Dionisíacos ( origem do teatro) e os Mistérios de Elêusis (culto a Démeter), tinham seu arcabouço doutrinário a certeza da ressurreição após um tempo de “morte”, em especial este último, que utilizava graduação de conhecimento entre os Mistos , com suas vestes de pele de corça, com ensinamentos preliminares espiritualistas e conceituais de, por exemplo, mundo astral e cosmogonia; e os Epoptas, vestidos de velocino dourado, conhecedores do domínio da mente sobre o corpo (CASTELLANI, 2006:138-139).
Estas escolas de mistérios incentivavam que o homem interessado em evoluir deveria cultivar suas virtudes de modo progressivo, o que o prepararia para uma maturidade mental sob uma lógica que os modernos chamariam cartesiana, ou seja, estabelecendo critérios lógicos e racionais (discursivos) para que se convença da verdade. O clímax desta cultura iniciática, em matéria grega, foi a escola pitagórica ou Pitagorismo, fundada por Pitágoras de Samos, na Magna Grécia, no século VI a.C. Neste contexto e tendência, Castellani ressalta o teor científico e místico pitagórico, com embasamento da matemática aplicada aos astros, a música e a espiritualidade, sendo estes ensinos divididos entre os Graus Ouvintes, Matemáticos (analisadores da influência dos números no universo) e Físicos (estudantes dos mistérios da natureza e do interior do homem); todos usavam o dístico da Estrela Pentalfa, formada por três triângulos entrecruzados( 2006:140-141).
Estas escolas iniciáticas, com um conhecimento baseado em gradação evolutiva e formada por pessoas adequadas ao profundo saber tornava seus participantes apurados diante da sociedade comum considerada rasa, descrente e inepta.
A característica concernente ao método de aquisição de novos adeptos para estas escolas de mistérios eram critérios estabelecidos. No Egito Antigo, os mistérios eram confiados aos da casa do faraó e aos sacerdotes julgados mais experientes pela educação, instrução e nascimento. No mundo grego, os iniciados eram parte da população, pessoas de todas as condições sociais, mas de reputação ilibada, no caso dos mistérios de Elêusis, inclusive, escravos eram convidados(SINGNER e THOMAZO, 2011:14;19;14). Muitas vezes, estas escolas eram “internatos” onde os iniciados estavam isolados do mundo profano. No âmbito judaico-cristão, os escolhidos eram os separados ou eleitos pelo Mestre.. A graduação estava entre os discípulos e os apóstolos. A palavra Discípulo é do grego mathetés que em latim é traduzido por discípulos, que tem o sentido de “aluno” e “aprendiz” ( não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo, mais do que o seu senhor Mt 10.24). O termo Apóstolo é literal do grego “ apóstolos”, eram os escolhidos diretamente pelo Mestre Rabi Jesus para testemunhar sua missão intimamente e receber a revelação dos mistérios (Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Mt 13:11).
A Maçonaria, herdeira destras tradições iniciáticas, também utiliza critérios semelhantes as estas escolas: A disposição de doutrina, a gradual e meritória evolução em conhecimentos dos mistérios, a busca por e pela verdade, a confiança independente de posição social e a responsabilidade pessoal, íntima e consciente de quem se escolhe para receber os mistérios.
O Padrinho é a pessoa que indica ou apresenta um profano para ser Iniciado, o Padrinho está responsabilizado também pela Instrução Maçônica até o Grau de Companheiro (ASLAN, 2012:958).
Para Rizzardo da Camino, esta acompanhamento entre Padrinho e Neófito é de “Mestre particular” e esta parceria está posta até o Mestrado para ampliação do quadro da Loja ( 2008:301).
Disposto no Regulamento Geral da Federação (RGF), atualizado em 19/04/2013, no capítulo l, Art. 4º Inciso V, o proponente deverá ser Mestre Maçom. Este proponente será “auxiliado” por outros dois Mestres Maçons que também assinam a proposta de admissão antes assinada de “próprio punho” pelo pretendente.(Art. 5º parágrafo 1º).
O formulário de prévia para admissão mantém oculto o proponente (Art.4º,l).
O formulário de prévia, além do Venerável, é dado a conhecimento de todos os irmãos em Loja por leitura em sessão e fixada em “local apropriado” ( Art.4º,ll).
O Padrinho, tecnicamente denominado de proponente , durante o processo de admissão, é responsável por uma escolha adequada pois seu compromisso com os princípios e postulados devem estar consoantes com o pensamento e posicionamento do seu afilhado. Porém, esta escolha não é algo “monocrático”, para que seja validado sua escolha, pois dois Mestres Maçons dividem esta responsabilidade. Além dos Maçons, o pretendente também assume sua convicção com declaração formal de que está de acordo com os princípios e postulados da Maçonaria (Art. 5º, ll).
Na conceituação de Heinz Roland Jakobi, a Iniciação faz renascer um homem, mas o iniciante deve estar receptivo às forças que causam a transformação e bom seria o padrinho conhecer toda as facetas do candidato e testá-lo efetivamente. Aconselha ainda que não é favor pessoal a indicação à Maçonaria e que o candidato seja uma pessoa espiritualizada (2007:248-250).
O papel do Padrinho na Maçonaria é doutrinário. Inserido na mística da Iniciação, sua atuação é referência para o Neófito a quem o respeito e reconhecimento são bases para um trabalho bem feito em Loja e uma maior harmonização entre os elos maçônicos, havendo maior dialética entre os afilhados em honrar pessoalmente e institucionalmente seus paraninfos.
A declaração de suspeição exime maçons à sindicância, como consta o Art 9º Parágrafo Único incisos I (parentesco), II (amizade) e III ( inimizade); este inciso em particular é substancialmente curioso, pois levanta a dúvida da honradez em considerar, em caso de por à frente, pelo proponente e sua chancela da dupla de Mestres, uma indicação que haja inimizade com um já Mestre Maçom e subsequente veterano da Loja... O Art. 10º declara as Sindicâncias conclusivas para o acolhimento ou não do pedido de admissão tendo a finalidade de evitar que candidatos com ideais, conduta e valores morais incompatíveis com a doutrina maçônica venham a ingressar na Maçonaria. Os Parágrafos 1º e 2º, alertam para a sinceridade dos sindicantes e o apelo possível ao Ministério Público, caso haja tentativa de prejudicar o candidato na não admissão.
O processo de admissão é de interesse saber apenas do Venerável, Secretário e Comissão de Admissão e Graus (Art. 11º incisos I,II,III), esta emite o parecer escrito formal com o prazo de uma sessão (Art. 12º). A proposta de admissão, porém, pode ser abortada , antes de qualquer coisa, na sessão de Aprendiz em que o Venerável colocar a matéria em votação na ordem do dia e esta ser negada (Art. 4º, II,III IV).
A publicação do Edital de pedido de iniciação pela Comissão de Admissão em Boletim oficial dá conhecimento geral do pretendente à Loja e oposição pode ser feita em um prazo de trinta de dias, com a aberta declaração em detalhes e sem restrições. O opositor será comunicado da apreciação pelo Venerável em recebimento, data, horário e local. A oposição também pode ser verbalizada em sessão. A oposição também pode ser uma outra Loja, representada pelo Venerável ou Maçom credenciado (Art. 13º). Na sessão prevista pelo Venerável para apreciação, a oposição poderá ser ouvida ou ter sua oposição escrita lida. Após este procedimento de audição, o que se opõe é convidado a cobrir o Templo e esperar a deliberação da Loja que terá a palavra franqueada aos que queiram comentar e buscar uma formação de juízo. Reinando o silêncio, fica a critério da Loja votar nominalmente ou secretamente a legitimidade da oposição. (Art. 14º e 15º). Esta é a fase final para o processo de admissão e após o prazo encerrado de trinta dias começa os preparativos para o escrutínio que, em Loja de Aprendiz, será votado sem a exposição de nomes de apoiadores ou sindicantes, além de ser interrompível ( Art. 16º, 17º e 18º). O escrutínio, de acordo com o ritual da Loja, deve ser feito com verificação de esferas brancas e pretas, sendo estas impedimento.
Não havendo bolas pretas, o candidato será aprovado, havendo até duas bolas pretas se fará nova votação, se mantendo estas, os opositores farão seu esclarecimento por escrito até a próxima sessão, sendo seus nomes omitidos pelo Venerável que fará outra votação secreta sendo necessário dois terços favoráveis para que haja a aprovação (Art. 20º e 21º). Caso haja três esferas pretas, haverá outra votação na sessão, se repetir o resultado, haverá reprovação (Art. 23º). Caso haja quatro ou mais esferas pretas, o candidato será reprovado diretamente (Art. 24º). Os candidatos reprovados são constados em Livro Negro, de total banimento, ou no Livro Amarelo, de prazo de vigência para impedimento de doze meses. Neste caso, o candidato pode ser proposto na mesma ou em outra Loja, mas esta deverá dar início ao novo processo de admissão após consultar a outra Loja em que houve a rejeição, no prazo de sessenta dias, para esclarecer os motivos da não admissão anterior ( Art. 28º).Esta comunicação entre as Lojas, neste caso, haverá de modo fundamentado pela ocorrência de um candidato nos Livros Negro ou Amarelo. Havendo a ocorrência no Livro Amarelo, recomendável seria haver o bom senso em apurar mais detidamente os motivos da interdição e se os doze meses foram suficientes para que o nome seja tido por digno em fazer parte do quadro.
A responsabilidade em acatar um pedido de candidatura de um preterido em outra Loja é necessária para que a lealdade e a fraternidade entre as entidades maçônica não seja desrespeitada, causando uma má impressão entre os Aprendizes e implodindo a credibilidade de irmandade.
A “manifestação de interesse” é o nome do formulário apresentado pelo G.O.B para Lojas afiliadas exporem para preenchimento dos interessados. Este apelo não é apenas de cunho discursivo, nele estão os espaços de declaração de dados pessoais exigindo: Nome, CPF, E-mail, Data de Nascimento, Sexo (sic), Profissão, Telefone celular, Endereço, Bairro, Cidade, CEP, Estado, Parente na Ordem, Último Grau de Instrução Completo, Motivo pelo qual deseja ingressar na Maçonaria, pede facultativamente a rede social (Facebook e Instragram) do interessado. A política de privacidade do G.O.B permite a omissão de dados como estado civil e religião. Há variedade na apelação dos Orientes, sendo o formulário padrão e também oferecido pelo site do GOB central. O link de acesso é também padronizado: “Como se tornar Maçom”.
Um texto precede o link para a “manifestação de interesse”, com um discurso de pré requisitos eivados de superficialidades, p.ex: “ser um homem íntegro, ligado e atualizado em relação ao seu tempo”; “esperar encontrar na Loja pleiteada, homens livres, de bons costumes, capazes de realizar obras poderosas em benefício da Humanidade, da Pátria e da Família”; “ter religiosidade, melhor do que religião(sic)”; “crer em Deus, acima de tudo” ( esta prerrogativa exclui ateus e agnósticos; Rito que não possui esta prerrogativa não compõe o GOB!?); “ter uma ideia clara da virtude e do vício, adotando aquela e rejeitando este”; “estar ideologicamente alinhado com a ideia de Deus;” são parâmetros que no contexto pós moderno e de relativismo cultural expõe a Maçonaria a concepções confusas de homem moderno, poder em Maçonaria, religiosidade, deidade, filosofia de costumes, etc. Estas concepções são parte da evolução maçônica e construção identitária dos maçons de acordo com a literatura maçônica, Constituição e Regimento do Manual ou Ritual do Rito em sua práxis. A impessoalidade inerente à “manifestação de interesse” virtual, que desabona o elo do Padrinho e sua doutrina, pode representar uma ponta de lança para imisções de interessados que se aceitos destoarão com aquilo que se tencionava.
A “manifestação de interesse” esvazia a responsabilidade iniciática da tradição maçônica, que preza pelo modo introvertido e cuidadoso ao expor-se para alcançar novos iniciados. A modalidade virtual é trivial e pueril, produzindo uma greta para críticas desnecessárias de pessoas alheias a Maçonaria, ferindo a discrição maçônica e induzindo a falsas perspectivas de profanos.
A propalação da ideia da “Manifestação de Interesse” e sua construção nas mídias do G.O.B
Também referenciado como “registro de interesse”, o formulário tem sido motivo de discurso favorável pelas mídias do G.O.B a nível nacional. Além do uso do formulário em seu site central, comumente os sites das sedes regionais trazem em destaque o sessão “manifestação de interesse”. O discurso é embatumado de positividades, tais como “tema tão relevante para o futuro da Ordem Maçônica” (https://gob-rj.org.br/portal/reuniao-virtual-sobre-manifestacao-de-interesse-10-09-20/) ou “importante base de informações” (https://www.gob.org.br/registro-de-interesse-entrevista-com-adalberto-eyng/). O assunto ainda é muito recente e está sendo debatido, com análises ainda sendo publicadas e seus motivos não totalmente esclarecidos. A liberação através da “manifestação de interesse” soa como incompetência e irresponsabilidade das Lojas em ampliar seus quadros.
Pelo discurso, os Grão-Mestres de cada Estado estão isentos de qualquer problema decorrido desta forma liberal de interpelar desconhecidos, menos ainda a fonte da incitação, o G.O.B central. A responsabilidade é, no mínimo, do Venerável da Loja, pois como está no discurso é a Loja quem indica e como representante da Loja será o fiador, não havendo a participação pessoal de nenhum Mestre Maçom, apesar da indicação aparentemente coletiva, o candidato recairá suas expectativas indiscriminadamente sobre o Venerável da Loja, pois é nele, e não em um padrinho, que o desconhecido focará suas probabilidades. Isso pode causar, em caso de recusa da Loja, um coação social sobre o Venerável nos mais diversos aspectos e indisposições imprevistas e causadoras de polêmicas. Este estímulo de oferecer a Ordem a pessoas aleatórias não está de acordo com os princípios herméticos da tradição maçônica e ameaça a integridade física e moral de irmãos, pois o ressentimento causado em um preterido pode ser materializado em ações objetivas e individuais sob o efeito de mal entendidos. Essa situação se agrava com a possibilidade de um preterido de uma Loja, que tenha sido imediatamente recusado, ser remanejado para outra Loja e ao ser aceito demonstra a deslealdade entre Lojas e acende o sentimento de desforra.
No sugestivo artigo intitulado “Grande Oriente do Brasil, quebrando Paradigmas, o Futuro começa aqui e agora, no presente, com a primeira Iniciação desta gestão de Candidato através do Registro de Interesse”, o site do G.O.B faz um epinício evocando uma certa ancestralidade do “manifesto de interesse”: “Durante anos o Grande Oriente do Brasil, manteve em seu site, a possibilidade de simpatizantes da maçonaria, fazer o registro de interesse de adentrar as fileiras do GOB. Nesta gestão, os irmãos Múcio Bonifácio e Ademir Cândido, decidiram dar ênfase ao registro, e desenvolvidos dentro dos parâmetros legais, de exigências do RGF e de forma qualitativa, procedimentos para captação destes candidatos e envio as Lojas Federadas”. Esta outra ode data de 05 de Dezembro de 2019 e tem por interesse demonstrar que este ato é aceito pela liderança do G.O.B e sua agilidade, os documentos foram dados entrada em 30/09/2019 e estava Iniciado em 03/12/2019, não está claro quando o manifestante enviou online. O texto frisa que a Secretaria da Guarda dos Selos trabalha em parceria com a Secretaria Geral de Planejamento, zelando pelo RGF, rigorosamente. O candidato, antes apresentado como “o advogado” no segundo parágrafo, foi revelado no terceiro parágrafo seu nome e Iniciação em Loja de Rito Adonhiramita pelo GODF.
Porém, o Iniciado reside em Unaí-MG e foi para esta cidade que o Grão Mestre Geral enviou o “processo de iniciação”(sic) para o Venerável da Loja. De acordo o site https://www.m33.com.br/?area=lojas&busca=Una%C3%AD , são duas Lojas GOB em Unaí, nenhuma de Rito Adonhiramita. Além disso, dá a entender que o foco não era a mística da Iniciação do irmão, mas sua finalidade propagandística. A cerimônia estava repleta de autoridades maçônicas, incluindo o Grão Mestre do Distrito Federal, o presidente do STFM, Deputados Federais e Distritais, Juiz eleitoral e “demais autoridades”. Na sessão, foi revelado que o “detentor da “Comenda da Ordem do Mérito de D. Pedro I” era o tio do Iniciado e que isso já era sabido durante o processo de sindicância... Inclusive foi rememorado que naquela Loja o mesmo fora iniciado há cinquenta anos atrás... Em outras palavras, muito provavelmente o candidato já era uma pessoa bem conhecida no meio maçônico, independente se isso fora revelado apenas no processo de sindicância, como diz a narrativa. O texto encerra com o “Esse é o GOB Junto de Você, quebrando paradigmas, inovando e trabalhando pelo futuro da Ordem Maçônica”. (grifo meu). Este é o “espírito” da coisa.
CONCLUSÃO
O “manifesto de interesse” não está em sintonia com a tradição hermética em modus operandi maçônica. O Cuidado com a exposição em instar novos candidatos está baseada, tradicionalmente, na relação entre padrinho e afilhado. Esta relação calcada na pessoalidade entre os maçons assume um senso de responsabilidade mútuo e duradouro a depender da personalidade do Neófito em entender que a ele foi confiado os mistérios. Na modalidade virtual este elo é partido, sendo o “padrinho” ipso facto a burocracia do GOB central, que de modo impessoal responsabiliza em primeira instância o Grão Mestre estadual e em segunda, o Venerável. A adoção do “manifesto de interesse”, ainda, flerta com a ideia de que as Lojas estão em incompetência de aumentar os quadros, com o GOB, de modo indireto e superficial, atendendo a vontade de curiosos, verdadeiramente interessados ou bisbilhoteiros. De todo modo, a responsabilidade será de quem teve a prerrogativa desabonada, a Loja, que em última análise responderá sobre quantidade entre demanda e Iniciação. O aperfeiçoamento do trabalho em sociedade, doutrinação de base maçônica e reforço da identidade entre os maçons, ou seja, aumento da qualidade não é motivo de manifesto.
À.G.D.G.A.D.U
Emanoel L. de Mendonça Jr∴
SALUS SAPIENTIA STABILITAS
REFERÊNCIAS
___________. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA”,2012.
Bíblia de Estudo de Genebra. Tradução João Ferreira de Almeida revista e ampliada. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. 5 ed. São Paulo: Madras, 2018.
JAKOBI, Heinz Roland. Compêndio Maçônico: Graus Simbólicos. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA”, 2007.
SITES:
https://www.gob.org.br/registro-de-interesse-entrevista-com-adalberto-eyng/ acesado em 28/10/2020
https://www.gob.org.br/grande-oriente-do-brasil-quebrando-paradigmas-o-futuro-comeca-aqui-e-agora-no-presente-com-a-primeira-iniciacao-desta-gestao-de-candidato-atraves-do-registro-de-interesse/ acessado em 28/10/2020
https://www.m33.com.br/?area=lojas&busca=Una%C3%AD acessado em 28/10/2020

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