A Maçonaria Especulativa iniciada
com a construção do Templo do Rei Salomão por artífices judeus e de Tiro é simbolizada
por serviços dos operativos em templo terreno e material dedicado à adoração de
Deus, que residia, no Templo, por sua Shekinah e comunicando oráculos por Urim
e Tumim ao seu povo. A cessação da arte operativa deu as especulativos a
simbologia para que o templo espiritual seja construído entre nós dando morada
a Deus em sua adoração. A espiritualização do Templo de Salomão é mais
pertinentes instruções simbólicas da Maçonaria. A união das Maçonarias
especulativa e operativa em sua construção conferem o caráter religioso que a
Maçonaria partilha em seu templo, ritual e lendas.
A Maçonaria operativa recebe de
Mackey enaltecimento por sua arte de construir uma morada para que Deus, o
relacionando com os fiéis e “sacralizando” símbolos que serão úteis ao uso
espiritual da Maçonaria especulativa.
A adoração do Templo é um
tipo antigo de sentimento religioso em seu progresso espiritual, sendo que
ante os povos adoravam seus deuses por fetichismo em meio a natureza. O Templo
é a evolução das formas de adoração entre os povos da antiguidade. O Templo dos
judeus é o modelo de adoração monoteísta incorporado posteriormente por
maometanos, com suas mesquitas, e cristãos com suas capelas e igrejas.
Mackey legitima o uso das reuniões
em Templo como forma de espiritualidade reconhecida por sua prática entre as
fés monoteístas, o que agrega à doutrina de crença em Deus único e imortalidade
da alma, que são prerrogativas da “Maçonaria Pura da Antiguidade” deixadas pelos
noaquitas. Além disso, a adoração em Templo é uma forma de referenciar a
maçonaria operativa, uma alusão aos Mistérios que ainda fossem “espúrios”
estaria diluídos a favor da Maçonaria especulativa.
O maçom operativo, na construção
dos templos, utilizava a Tábua de Delinear, de onde retirava o planejamento
dando durabilidade e beleza. O maçom especulativo utiliza a Tábua para construir
seu prédio espiritual de acordo com os propósitos e mandamentos do
Grande Arquiteto do Universo. A Maçonaria não interfere nas crenças
individuais, mas exclui peremptoriamente o Ateísmo de sua comunhão por
não acreditar no Ser Supremo, aquele que não aceita esta crença está necessariamente
demonstrando a falta de Tábua de delinear espiritual. O maçom operativo
utilizava ainda o ashlar bruto, encontrado nas pedreiras para lapidar a
favor que se torne um ashlar perfeito , pedra pronta para assumir seu
lugar na construção. A pedra bruta e áspera é o homem primitivo que ao ter o
intelecto expandido pela educação recebe o molde perfeito representado pelo ashlar
perfeito , polido e limado.
O recado que Mackey envia para o
uso da sã doutrina maçônica é pertinente para os dias atuais, o “Ateísmo” é incompatível
à proposta antiga e original da Maçonaria. A Tábua de delinear é o planejamento
para a construção do templo que não pode estar esvaziada e sem sentido anulando
a crença na razão de todas as coisas,
Deus. Para uma boa hermenêutica em Mackey é oportuno que se esclareça que esta
crença é de cunho Teísta, pois a compreensão que o autor tem de divindade é
baseada em teor bíblico e toda sua simbologia começa com exemplos que partem de
patriarcas antediluvianos relacionando-os aos noaquitas e define o que é a essência
da Maçonaria, que seja uma religiosidade firmada nas crenças da unidade de Deus
e na imortalidade da alma tal qual é inspirada e ensinada pela doutrina providencialista
dos ramos monoteístas, especialmente o que se denomina judaico-cristão.
O Templo, construído de pedra, se
tornou um símbolo elementar da concórdia e da harmonia . o ashlar bruto,
o ashlar perfeito e a Tábua de delinear receberam o nome de Joias e
são partes integrantes do simbolismo da Maçonaria. A divisão das tarefas no
Templo eram entre carregadores de carga, os ish sabal, entalhadores de
pedras, os ish chotzeb , e os inspetores, os Menatzchin. Semelhante
divisão está na instituição da Maçonaria Especulativa com a divisão dos três graus:
Aprendiz, Companheiro e Mestre. As ferramentas dos Aprendizes eram pelo menos duas,
Régua de Vinte e Quatro Polegadas e o Malho. A Régua media a dimensão da pedra
e o Malho aparava as arestas para polir. No contexto operativo não havia “alusões
importantes à mente” mantendo raso qualquer raciocínio aprofundado motivado
pela espiritualidade. No contexto especulativo, os pensamentos mais sublimes
fazem entender a purificação do indivíduo, dando lugar ao maçom no Templo espiritual.
Desse modo, a Régua simboliza o tempo sacralizado pelo ofício de
aperfeiçoamento e o Malho o desbaste que favorece este aperfeiçoamento para purificação.
Na doutrina maçônica, ensinada
por Mackey, a intepretação espiritualizada dos símbolos é comum da evolução da
Maçonaria. A tarefa dos símbolos em ensinar religiosidade, quando adequada aos
Templos , está no âmbito maçônico favorecendo a melhor das exegeses que compete
aos maçons não serem néscios em sua compreensão. A interpretação dos símbolos,
para o bom entendedor, não deve estar limitada o foco materialista da
ferramenta tal como os operativos exerciam. O ensino de que estes símbolos são
meros utensílios figurativos ou de preenchimento estético é retroceder no modo
de empreender maçonaria. O modo rasteiro ou política de “desmistificação” esvaziam
a Maçonaria de várias maneiras, a fazendo perder sua essência inclusive iniciática.
Nas religiões antigas, em todos os
Mistérios, o iniciado recebia uma purificação pela água ou pelo fogo, o fazendo
incorruptível. Na Maçonaria, o simbolismo de purificação não está no banho lustral,
por exemplo, mas no uso do Avental de pele de cordeiro, na régua e no Malho. Para
o serviço mais avançado, o erguimento da parede, as ferramentas serão:
Esquadro, para perfeição de união das pedras; o Nível, para alinhar
horizontalmente; e o Prumo, para elevar à perpendicularidade perfeita.
Estas ferramentas estão confiadas aos Companheiros. Especulativamente, o Esquadro
simboliza a moralidade de acordo com o decreto da justiça divina , o
Prumo, por sua linha de perfeição, simboliza a lealdade e a verdade, não se
inclinando sob as adversidades, e o Nível é como o sol visitando o palácio
dos príncipes e a choupana do camponês .
O terceiro grau- os artesãos
mestres- utiliza a trolha para espalhar o cimento e assim unir toda a
construção, ou seja, unir nossa associação mística. As ferramentas e o
processo operativo está repaginado para a compreensão especulativa. O templo
está completo, as pedras foram polidas bem encaixadas e cimentadas. Este Templo
é o corpo, interior e espiritual. O próprio Cristo e São Paulo faz esta alusão
(Jo 2.19-21; 1 Cor 3.16-17), ou seja, não é exclusivamente maçônica. O que é
peculiar à Maçonaria é a nova versão dada ao que era na arte operativa pela
Maçonaria Especulativa.
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