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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

ANÁLISE DO LIVRO: O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA (ALBERT. G. MACKEY) PARTE XII


 

O Livro “O Simbolismo da Maçonaria” foi publicado originalmente em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.

CAPÍTULO XII: O SIMBOLISMO DO TEMPLO DE SALOMÃO

A Maçonaria Especulativa iniciada com a construção do Templo do Rei Salomão por artífices judeus e de Tiro é simbolizada por serviços dos operativos em templo terreno e material dedicado à adoração de Deus, que residia, no Templo, por sua Shekinah e comunicando oráculos por Urim e Tumim ao seu povo. A cessação da arte operativa deu as especulativos a simbologia para que o templo espiritual seja construído entre nós dando morada a Deus em sua adoração. A espiritualização do Templo de Salomão é mais pertinentes instruções simbólicas da Maçonaria. A união das Maçonarias especulativa e operativa em sua construção conferem o caráter religioso que a Maçonaria partilha em seu templo, ritual e lendas.

A Maçonaria operativa recebe de Mackey enaltecimento por sua arte de construir uma morada para que Deus, o relacionando com os fiéis e “sacralizando” símbolos que serão úteis ao uso espiritual da Maçonaria especulativa.

A adoração do Templo é um tipo antigo de sentimento religioso em seu progresso espiritual, sendo que ante os povos adoravam seus deuses por fetichismo em meio a natureza. O Templo é a evolução das formas de adoração entre os povos da antiguidade. O Templo dos judeus é o modelo de adoração monoteísta incorporado posteriormente por maometanos, com suas mesquitas, e cristãos com suas capelas e igrejas.

Mackey legitima o uso das reuniões em Templo como forma de espiritualidade reconhecida por sua prática entre as fés monoteístas, o que agrega à doutrina de crença em Deus único e imortalidade da alma, que são prerrogativas da “Maçonaria Pura da Antiguidade” deixadas pelos noaquitas. Além disso, a adoração em Templo é uma forma de referenciar a maçonaria operativa, uma alusão aos Mistérios que ainda fossem “espúrios” estaria diluídos a favor da Maçonaria especulativa.

O maçom operativo, na construção dos templos, utilizava a Tábua de Delinear, de onde retirava o planejamento dando durabilidade e beleza. O maçom especulativo utiliza a Tábua para construir seu prédio espiritual de acordo com os propósitos e mandamentos do Grande Arquiteto do Universo. A Maçonaria não interfere nas crenças individuais, mas exclui peremptoriamente o Ateísmo de sua comunhão por não acreditar no Ser Supremo, aquele que não aceita esta crença está necessariamente demonstrando a falta de Tábua de delinear espiritual. O maçom operativo utilizava ainda o ashlar bruto, encontrado nas pedreiras para lapidar a favor que se torne um ashlar perfeito , pedra pronta para assumir seu lugar na construção. A pedra bruta e áspera é o homem primitivo que ao ter o intelecto expandido pela educação recebe o molde perfeito representado pelo ashlar perfeito , polido e limado.

O recado que Mackey envia para o uso da sã doutrina maçônica é pertinente para os dias atuais, o “Ateísmo” é incompatível à proposta antiga e original da Maçonaria. A Tábua de delinear é o planejamento para a construção do templo que não pode estar esvaziada e sem sentido anulando a crença  na razão de todas as coisas, Deus. Para uma boa hermenêutica em Mackey é oportuno que se esclareça que esta crença é de cunho Teísta, pois a compreensão que o autor tem de divindade é baseada em teor bíblico e toda sua simbologia começa com exemplos que partem de patriarcas antediluvianos relacionando-os aos noaquitas e define o que é a essência da Maçonaria, que seja uma religiosidade firmada nas crenças da unidade de Deus e na imortalidade da alma tal qual é inspirada e ensinada pela doutrina providencialista dos ramos monoteístas, especialmente o que se denomina judaico-cristão.

O Templo, construído de pedra, se tornou um símbolo elementar da concórdia e da harmonia . o ashlar bruto, o ashlar perfeito e a Tábua de delinear receberam o nome de Joias e são partes integrantes do simbolismo da Maçonaria. A divisão das tarefas no Templo eram entre carregadores de carga, os ish sabal, entalhadores de pedras, os ish chotzeb , e os inspetores, os Menatzchin. Semelhante divisão está na instituição da Maçonaria Especulativa com a divisão dos três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. As ferramentas dos Aprendizes eram pelo menos duas, Régua de Vinte e Quatro Polegadas e o Malho. A Régua media a dimensão da pedra e o Malho aparava as arestas para polir. No contexto operativo não havia “alusões importantes à mente” mantendo raso qualquer raciocínio aprofundado motivado pela espiritualidade. No contexto especulativo, os pensamentos mais sublimes fazem entender a purificação do indivíduo, dando lugar ao maçom no Templo espiritual. Desse modo, a Régua simboliza o tempo sacralizado pelo ofício de aperfeiçoamento e o Malho o desbaste que favorece este aperfeiçoamento para purificação.

Na doutrina maçônica, ensinada por Mackey, a intepretação espiritualizada dos símbolos é comum da evolução da Maçonaria. A tarefa dos símbolos em ensinar religiosidade, quando adequada aos Templos , está no âmbito maçônico favorecendo a melhor das exegeses que compete aos maçons não serem néscios em sua compreensão. A interpretação dos símbolos, para o bom entendedor, não deve estar limitada o foco materialista da ferramenta tal como os operativos exerciam. O ensino de que estes símbolos são meros utensílios figurativos ou de preenchimento estético é retroceder no modo de empreender maçonaria. O modo rasteiro ou política de “desmistificação” esvaziam a Maçonaria de várias maneiras, a fazendo perder sua essência inclusive iniciática.

Nas religiões antigas, em todos os Mistérios, o iniciado recebia uma purificação pela água ou pelo fogo, o fazendo incorruptível. Na Maçonaria, o simbolismo de purificação não está no banho lustral, por exemplo, mas no uso do Avental de pele de cordeiro, na régua e no Malho. Para o serviço mais avançado, o erguimento da parede, as ferramentas serão: Esquadro, para perfeição de união das pedras; o Nível, para alinhar horizontalmente; e o Prumo, para elevar à perpendicularidade perfeita. Estas ferramentas estão confiadas aos Companheiros. Especulativamente, o Esquadro simboliza a moralidade de acordo com o decreto da justiça divina , o Prumo, por sua linha de perfeição, simboliza a lealdade e a verdade, não se inclinando sob as adversidades, e o Nível é como o sol visitando o palácio dos príncipes e a choupana do camponês .

O terceiro grau- os artesãos mestres- utiliza a trolha para espalhar o cimento e assim unir toda a construção, ou seja, unir nossa associação mística. As ferramentas e o processo operativo está repaginado para a compreensão especulativa. O templo está completo, as pedras foram polidas bem encaixadas e cimentadas. Este Templo é o corpo, interior e espiritual. O próprio Cristo e São Paulo faz esta alusão (Jo 2.19-21; 1 Cor 3.16-17), ou seja, não é exclusivamente maçônica. O que é peculiar à Maçonaria é a nova versão dada ao que era na arte operativa pela Maçonaria Especulativa.

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS

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