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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

ANÁLISE DO LIVRO: O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA VOL.II (ALBERT G. MACKEY) PARTE XXIV


 

O Livro “O Simbolismo da Maçonaria”  foi publicado originalmente em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.

XXIV: O NOME INEFÁVEL

O Tetragrama ou Palavra Inefável é um símbolo de proeminência na Maçonaria, a exemplo dos símbolos relacionados ao sol. Talvez este seja o símbolo mais antigo que a Maçonaria Espúria dos pagãos corrompeu em sua cisão do sistema primitivo dos patriarcas .

Entre os israelitas, o nome Jeová foi inspirado a Moisés como uma invocação imediata do Todo Poderoso a favor do povo escolhido. A comunicação foi feita no Arbusto Flamejante, sendo Deus apresentado pelo nome de Jeová (Ex 3.15; 5.2-3). O nome de Deus era pronunciado de modo solene e com profunda veneração. Os cabalistas, inclusive, substituem um termo Zeh shemi l´olam por Zeh shemi l´alam, ou seja, Este é eternamente meu nome por Este é o nome a ser ocultado.

A célebre mística de anunciação, ou revelação, do nome de Deus possui versões traduzidas diferentes em língua portuguesa. A Bíblia utilizada por Mackey trazia o nome explícito de “Jeová”. Nas Bíblias utilizadas no Brasil, no século XX, a palavra utilizada é “Senhor” ou “Aquele que é” ou “Sou aquele que Sou”, na maioria das traduções. A tradução mais adequada a esta versão de Mackey, em nossa terra, seria a Tradução do Novo Mundo que traz o nome de Jeová nas duas ocasiões citadas do Êxodo.

A versão inglesa da Bíblia, a King James, substituirá a palavra Jeová por Adonai ou Senhor por escrupulosidade à tradição judaica ao fazer a tradução. A pronúncia da palavra, talvez, tenha se perdido em sua forma original. Os sinais indicativos de vogal na língua hebraica foram inventadas pelos massoretas seis séculos depois do início da era cristã , sendo os sons então pronunciados estando sob desconfiança. O alfabeto hebraico não utiliza vogais, que são inseridos oralmente e fornecidos pelo leitor que faz a leitura pronunciando constantemente a palavra de acordo com o que foi dito em sua presença. Por exemplo, Dr. é pronunciado por Doutor e Sr. por Senhor , a palavra escrita não a mesma enunciada. Palavras com apenas consoantes são vocalizadas, entre os hebreus, pela tradição de seu uso. O Tetragrama, que seria traduzido por Jeová, era pronunciado como Adonai, para que se faça respeitar a impronunciabilidade do termo.

O som adequado das letras e a pronúncia verdadeira da palavra era de responsabilidade do Sumo Sacerdote que recebia do predecessor e guardava na lembrança para pronuncia-la três vezes, uma vez por ano, no dia da expiação ao entrar no Santo dos santos, seja no tabernáculo seja no templo. Os cabalistas mencionavam o nome em sua forma de pronunciar tradicionalmente na invocação de anjos.

O símbolo de veneração ao nome sagrado é o YOD, a inicial da palavra escrita dentro de um triangulo equilátero . Esta é simbolização da Divindade comum ao segundo grau da Maçonaria. A letra G é a anglicização do símbolo feita por inovadores modernos sendo mais salutar a permanência do símbolo hebraico. Nos Mistérios bramânicos o nome sagrado é trilateral, o AUM, que representa em cada letra os princípios criativos, preservadores e destrutivos da Divindade Suprema, ou seja, as três manifestações de Brâma, Shiva e Vishnu. Nos ritos da Pérsia, a peculiaridade do nome Mitras são as letras que compostamente somavam 365, número de dias do sol circulando a terra, como acreditavam que fossem na época. Para os pitagóricos, o nome inefável dos hebreus  era simbolizado por dez pontos na forma de um triângulo com cada lado contendo quatro pontos e a ponta apenas um, seguido por dois, três e a base, quatro. A mônada é o princípio ativo da natureza, o dualismo é princípio passivo, a tríade é o mundo emanado desta união e o quaternário é a ciência intelectual; os números foram a perfeição e a consumação. O símbolo foi chamado de Tetractys equivalente ao Tetragrama.

Para alguns cabalistas, a Palavra Inefável lida da direita para a esquerda, como fazem os hebreus, faz alusão aos princípios gerativo e prolífico, como se fosse uma entidade hermafrodita... A ingenuidade e a imaginação especulando o nome sagrado perfazem fantasias que dão atenção.

No Egito Antigo, a escrita demótica ou popular utilizava símbolos para caracterizar deuses. Prática semelhante foi comum em outros povos e a Maçonaria adotou este expediente com o Grande Arquiteto do Universo simbolizado pelas iniciais G.A.D.U, pela letra G, o triangulo equilátero ou o Olho Onividente. A letra G substitui a letra YOD, que é a inicial para Jeová, sendo este G incorretamente adotado, pois o mais adequado é símbolo hebraico. O Olho Onividente é o símbolo da vigilância e de cuidado com o universo (Sl 34.15), como também acreditava o rei Salomão que fosse esta fosse  a forma de cuidado de Deus (Pv 15.3) para todos no mundo.

O triângulo equilátero com o YOD no centro era a representação do Tetragramaton ou Inefável nome de Deus para os hebreus, era o símbolo da divindade. Para os egípcios, o triângulo representa Osíris ou princípio masculino, Ísis ou princípio feminino e Hórus a emanação da união dos outros dois. A mais perfeita das figuras entre os egípcios também referenciava os três domínios da criação, o animal, o vegetal e o animal.

A iconografia cristã não raramente apresenta o símbolo do triângulo seja isoladamente seja como ornamento sobre a cabeça de Deus-Pai. Os egípcios e os gregos, na era helenista, traduziram que o triângulo representava a energia ativa , passiva e ,sua fase final, manifestação no mundo. Para os cristãos representa o dogma da Trindade. Na Maçonaria, o símbolo cercado por raios representa a glória eterna de Deus ou a Luz Divina. Porém, a verdadeira ideia maçônica de sua glória é que ele simboliza a Luz Eterna da Sabedoria , que rodeia o Supremo Arquiteto como se fosse um mar de glória, e dele, como um centro comum, emana o universo de sua criação.

Os símbolos da Divindade no sistema maçônico são: A letra G, símbolo da auto existência de Jeová, O Olho que tudo Vê, Deus onipresente e o triângulo, símbolo do Supremo Arquiteto do Universo, por ser o Criador, e quando utilizado com os raios de glória é símbolo de provedor de Luz. A presença de Deus no sistema maçônico demostra sua propensão religiosa. O nome de Deus é uma simbolização dos mistérios da Verdade Divina, pretensão de todo maçom.

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS

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