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sábado, 21 de agosto de 2021

ANÁLISE DA OBRA MORAL E DOGMA, ALBERT PIKE (1871): GRAU COMPANHEIRO PARTE III

 


                            PARTE III: COMPANHEIRO, RESPONSABILIDADE E ÉTICA


Os instrumentos maçônicos do Malho e Cinzel, energia e intelecto, reverenciam a importância do gênio em converter corações e mentes pelo Amor e Verdade, favorecendo a liberdade e esta, o homem. O governante moldurado por estes instrumentais não é meramente respeitável , mas qualificado para liderar o Estado livre, tal como preconiza a Maçonaria, cuja doutrina da Pedra Bruta laborada pela Ordem é a finalidade do Iniciado.

A liberdade, defendida pela Maçonaria, é concebida pela livre espiritualidade. A Religião é um poder , por isso os projetos tirânicos tentam dominar e interditar os Templos, como que despedindo a adoração a Deus. Os tiranos para exercer seu mando tentam-no fazê-lo, material e pessoal, nos corpos e nas almas do povo comum. Numa sociedade rivalizada entre as castas humanas, a indolência entre os homens beneficia os reis.

Para evitar a distensão social completa, os déspotas centralizam e escravizam todo o povo em troca da proteção e promessas de tranquilidade. A sociedade irritadiça, não raramente, aceitará o fim de sua liberdade para que haja o despotismo e o arrefecimento das paixões de modo a inferiorizar-se pela decisão de um pensamento unilateral difundido por uma casta que não hesitará em trair qualquer crença.

O maçom em sua filosofia, homem livre, conhece os símbolos do aperfeiçoamento sendo o grau de Companheiro a evolução do seu experimento iniciático. O Compasso e a Régua usados para traçar todas as figuras matemáticas são fundamentais para a Geometria e a Trigonometria, tão bem estudadas por Pitágoras e cujos mistérios são encontrados em todo lugar nas religiões antigas, principalmente na Cabala e na Bíblia, elaborando problemas da Astronomia. A razão de sua mensura é parte dos campos da religião e da ciência. Nisso consiste, por seus símbolos, a Maçonaria especulativa.

A coerência do maçom é seu atestado social de competência. A teoria de sua filosofia deve ser materializada no campo social. Como ensina o Apóstolo Tiago:  E sede cumpridores da palavra, e não ouvintes apenas, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla o seu rosto natural em um espelho. Porque ele contempla-se a si mesmo, e segue seu caminho, e logo se esquece que tipo de homem ele era. Porém, aquele que atenta para a lei perfeita da liberdade, e nela persevera, não sendo um ouvinte esquecido, mas realizador da obra, este homem será abençoado em seu feito. Se algum homem entre vós parece ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu próprio coração, a religião desse homem é vã. (...)Assim é a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Porquanto o homem pode dizer: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem; os demônios também creem, e tremem. (...)Porque assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. (Tg 1.22-26;2.17-19,26 Biblia Versão King James Stuart).

O homem genial não é compreendido pelas massas pois estas são limitadas pelas Verdades de período, não pelas Verdades da eternidade. A medida dos grandes homens é dada pela Providência, por isso o engrandecido deve entender seu povo. No entanto, a paciência está no cuidado dos populares que não possuem verdades elevadas. As explicações populares dos símbolos da Maçonaria não se adequam a população acostumada com a rasura de ideias.

O Companheiro, outrossim, deve servir à sociedade como dever e qualidade maçônica. O maçom em sua quietude deve ainda evitar a praga da ambição e outras engenhosidades de Mamom, assim como não adentrar no templo de Moloque. Evitando cruzar as colunas do mal, a alma estará purificada. Humildemente, o Companheiro deve demonstrar incremento ao serviço, a começar pelos pequenos esforços a favor da construção do bem e da Ordem. Não subestimando nada, por sua experiência está atento que um pequeno gafanhoto nascido no deserto pode destruir uma plantação verdejante ou um verme pode destruir a plantação de algodão e fechar fábricas. Os sermões de Lutero foram mais duradouros e causou mais mudanças que os maiores feitos de Alexandre ou Aníbal.

A educação primária para todos e gratuita, com a escola superior também a todos oferecida ajudará nos bons princípios para uma sociedade justa. O respeito a todos, principalmente aos mais simples, nos faz considerados por Deus por sermos criaturas. A democracia é ameaçada pela maldade da ambição, apedeutismo e tirania, com Repúblicas ameaçadoras, repelidoras e maledicentes para seu povo.

ANÁLISE CONCEITUAL DA PARTE III DO ESTUDO DO GRAU DE COMPANHEIRO DE ACORDO COM O MORAL E DOGMA DE ALBERT PIKE.

A Maçonaria ao capacitar o Companheiro oferece à sociedade as pedras ideais para a construção social. A Pedra Cúbica oferecida ao Oriente é exteriorizada ao mundo material como éthos maçônico. Socialmente, o Companheiro maçom possui a responsabilidade de ajudar no desenvolvimento democrático, baseada na educação e conscientização. O desafio do Maçom está exatamente em lidar com as massas intolerantes e servas da insipiência.

De acordo com José Castellani, no Rito Escocês Antigo e Aceito, o Companheiro maçom é o Iniciado definitivo. Sua mística consiste na quintessência, a dominação do homem sobre o instinto animal e sobre toda a matéria pela iluminação. A racionalidade é simbolizada pela estrela hominal iluminada pela sua forma Flamejante, dissipando as trevas interiores (2006:339).

A exegese de Castellani é muito bem feita pois a coluna de assento do Companheiro é ao Sul, que para o Rito é a posição da iluminação solar. Além disso, temos a Estrela F. (Flamejante ou Flamígera) situada exatamente nestes domínios. O Aprendiz para estar à mercê dos três tinires da Iniciação deve superar o Quaternário da tradição hermética escocesa, pois para estar a nível mais elevado deve estar a dispor da Quintessência, a superação das materialidades que formam o homem comum composto pelos quatro elementos. Por isso, Pike de modo discreto evoca a espiritualidade aliada à racionalidade em seu comentário ao Grau de Companheiro. A iluminação do Companheiro é racional-espiritualista.

O Número Cinco é fundamental para a simbologia do Grau de Companheiro, são Cinco Degraus para Elevação (Painel francês), A Estrela F. é a de Cinco Pontas (Hominal) e cinco são as jornadas. A evocação da humildade feita por Pike está relacionada ao Primeiro Degrau, a Humildade que correlacionada à Primeira Viagem é referente à Inteligência. Ou seja, a alusão à determinação em entender o povo néscio, ensino que o fará superior pela ética aos demais profanos.

O G.O.B entende que a Estrela F é encravada pela letra G, que significa Geometria, Geração, Gravidade, Gênio e Gnose. Destes termos encontramos, Pike alude a dois, Geometria e Gênio. A Geometria está inserida na mensuração que fascina as religiões, referência ao G.A.D.U. e suas fontes de revelação, incluindo as Escolas de Mistérios, representadas por Pitágoras em seu texto; e o Gênio está na elevação da moral do homem inteligente, figura do iniciado maçom, ou como diria Castellani, o Iniciado definitivo, o Companheiro. 

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS

REFERÊNCIAS

CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História Doutrina Prática. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA”, 2006.

PIKE, Albert. Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito. Tradução de Celes Januário Garcia Júnior e Glauco Bonfim Rodrigues. Birigui: YOD, 2011.


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