PARTE III: COMPANHEIRO, RESPONSABILIDADE E ÉTICA
Os instrumentos maçônicos do
Malho e Cinzel, energia e intelecto, reverenciam a importância do gênio
em converter corações e mentes pelo Amor e Verdade, favorecendo a liberdade e
esta, o homem. O governante moldurado por estes instrumentais não é meramente
respeitável , mas qualificado para liderar o Estado livre, tal como
preconiza a Maçonaria, cuja doutrina da Pedra Bruta laborada pela Ordem
é a finalidade do Iniciado.
A liberdade, defendida pela
Maçonaria, é concebida pela livre espiritualidade. A Religião é um poder ,
por isso os projetos tirânicos tentam dominar e interditar os Templos, como que
despedindo a adoração a Deus. Os tiranos para exercer seu mando tentam-no fazê-lo,
material e pessoal, nos corpos e nas almas do povo comum. Numa sociedade rivalizada
entre as castas humanas, a indolência entre os homens beneficia os reis.
Para evitar a distensão social completa,
os déspotas centralizam e escravizam todo o povo em troca da proteção e
promessas de tranquilidade. A sociedade irritadiça, não raramente, aceitará o
fim de sua liberdade para que haja o despotismo e o arrefecimento das paixões de
modo a inferiorizar-se pela decisão de um pensamento unilateral difundido por
uma casta que não hesitará em trair qualquer crença.
O maçom em sua filosofia, homem
livre, conhece os símbolos do aperfeiçoamento sendo o grau de Companheiro a evolução
do seu experimento iniciático. O Compasso e a Régua usados para traçar todas as
figuras matemáticas são fundamentais para a Geometria e a Trigonometria, tão
bem estudadas por Pitágoras e cujos mistérios são encontrados em todo lugar
nas religiões antigas, principalmente na Cabala e na Bíblia, elaborando
problemas da Astronomia. A razão de sua mensura é parte dos campos da religião e
da ciência. Nisso consiste, por seus símbolos, a Maçonaria especulativa.
A coerência do maçom é seu atestado
social de competência. A teoria de sua filosofia deve ser materializada no
campo social. Como ensina o Apóstolo Tiago: E sede cumpridores da palavra, e não
ouvintes apenas, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da
palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla o seu rosto
natural em um espelho. Porque ele contempla-se a si mesmo, e segue seu caminho,
e logo se esquece que tipo de homem ele era. Porém, aquele que atenta para a
lei perfeita da liberdade, e nela persevera, não sendo um ouvinte esquecido,
mas realizador da obra, este homem será abençoado em seu feito. Se algum homem
entre vós parece ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu
próprio coração, a religião desse homem é vã. (...)Assim é a fé, se não tiver
as obras, é morta em si mesma. Porquanto o homem pode dizer: Tu tens a fé, e eu
tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha
fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem; os demônios também
creem, e tremem. (...)Porque assim como o corpo sem o espírito está morto,
assim também a fé sem obras é morta. (Tg 1.22-26;2.17-19,26 Biblia Versão
King James Stuart).
O homem genial não é compreendido
pelas massas pois estas são limitadas pelas Verdades de período, não pelas
Verdades da eternidade. A medida dos grandes homens é dada pela
Providência, por isso o engrandecido deve entender seu povo. No entanto, a paciência
está no cuidado dos populares que não possuem verdades elevadas. As
explicações populares dos símbolos da Maçonaria não se adequam a população
acostumada com a rasura de ideias.
O Companheiro, outrossim, deve
servir à sociedade como dever e qualidade maçônica. O maçom em sua quietude
deve ainda evitar a praga da ambição e outras engenhosidades de Mamom,
assim como não adentrar no templo de Moloque. Evitando cruzar as colunas
do mal, a alma estará purificada. Humildemente, o Companheiro deve demonstrar incremento
ao serviço, a começar pelos pequenos esforços a favor da construção do bem e da
Ordem. Não subestimando nada, por sua experiência está atento que um pequeno
gafanhoto nascido no deserto pode destruir uma plantação verdejante ou um verme
pode destruir a plantação de algodão e fechar fábricas. Os sermões de Lutero
foram mais duradouros e causou mais mudanças que os maiores feitos de Alexandre
ou Aníbal.
A educação primária para todos e
gratuita, com a escola superior também a todos oferecida ajudará nos bons princípios
para uma sociedade justa. O respeito a todos, principalmente aos mais simples, nos
faz considerados por Deus por sermos criaturas. A democracia é ameaçada pela
maldade da ambição, apedeutismo e tirania, com Repúblicas ameaçadoras, repelidoras
e maledicentes para seu povo.
ANÁLISE CONCEITUAL DA PARTE III
DO ESTUDO DO GRAU DE COMPANHEIRO DE ACORDO COM O MORAL E DOGMA DE ALBERT PIKE.
A Maçonaria ao capacitar o
Companheiro oferece à sociedade as pedras ideais para a construção social. A Pedra
Cúbica oferecida ao Oriente é exteriorizada ao mundo material como éthos
maçônico. Socialmente, o Companheiro maçom possui a responsabilidade de ajudar no
desenvolvimento democrático, baseada na educação e conscientização. O desafio
do Maçom está exatamente em lidar com as massas intolerantes e servas da insipiência.
De acordo com José Castellani, no
Rito Escocês Antigo e Aceito, o Companheiro maçom é o Iniciado
definitivo. Sua mística consiste na quintessência, a dominação do homem
sobre o instinto animal e sobre toda a matéria pela iluminação. A racionalidade
é simbolizada pela estrela hominal iluminada pela sua forma Flamejante, dissipando
as trevas interiores (2006:339).
A exegese de Castellani é muito
bem feita pois a coluna de assento do Companheiro é ao Sul, que para o Rito é a
posição da iluminação solar. Além disso, temos a Estrela F. (Flamejante ou Flamígera)
situada exatamente nestes domínios. O Aprendiz para estar à mercê dos três tinires da Iniciação deve superar o Quaternário da tradição hermética escocesa, pois para estar a nível
mais elevado deve estar a dispor da Quintessência, a superação das materialidades
que formam o homem comum composto pelos quatro elementos. Por isso, Pike de
modo discreto evoca a espiritualidade aliada à racionalidade em seu comentário
ao Grau de Companheiro. A iluminação do Companheiro é racional-espiritualista.
O Número Cinco é fundamental para a simbologia
do Grau de Companheiro, são Cinco Degraus para Elevação (Painel francês), A Estrela
F. é a de Cinco Pontas (Hominal) e cinco são as jornadas. A evocação da
humildade feita por Pike está relacionada ao Primeiro Degrau, a Humildade que
correlacionada à Primeira Viagem é referente à Inteligência. Ou seja, a alusão à
determinação em entender o povo néscio, ensino que o fará superior pela ética
aos demais profanos.
O G.O.B entende que a Estrela F é
encravada pela letra G, que significa Geometria, Geração, Gravidade, Gênio e
Gnose. Destes termos encontramos, Pike alude a dois, Geometria e Gênio. A
Geometria está inserida na mensuração que fascina as religiões, referência ao
G.A.D.U. e suas fontes de revelação, incluindo as Escolas de Mistérios,
representadas por Pitágoras em seu texto; e o Gênio está na elevação da moral
do homem inteligente, figura do iniciado maçom, ou como diria Castellani, o
Iniciado definitivo, o Companheiro.
REFERÊNCIAS
CASTELLANI, José. O Rito Escocês Antigo e Aceito: História
Doutrina Prática. 3 ed. Londrina: Editora Maçônica “A TROLHA”, 2006.
PIKE, Albert. Moral e Dogma do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Tradução de Celes Januário Garcia Júnior e Glauco Bonfim Rodrigues. Birigui:
YOD, 2011.
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