O Livro “O Simbolismo da
Maçonaria” foi publicado originalmente
em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por
Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo
dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.
XXII: O RITO DE ACEITAÇÃO E O SIMBOLISMO
DA LUZ
O Rito de Aceitação é quando
o aspirante recebe aquilo que estava buscando ou as aporheta – coisas secretas
da Maçonaria. A comunicação da luz ou da doutrina sublime da Verdade
Divina através do qual a iluminação será feita ao indivíduo. A cosmogonia
hebraica atribui a Deus a formação da luz. Este antigo sentimento religioso era
o objeto a ser alcançado em todos os antigos Mistérios religiosos. A ideia
de luz em Maçonaria está relacionada com o esclarecimento às verdades
sublimes da Religião, Filosofia e Ciência- o grande propósito que a Maçonaria
ensina.
A Maçonaria, como está disposto
no ensino de Mackey, reverencia a luz que concatenada com a crença judaico
cristã é expedida por Deus. A luz maçônica está relacionada a princípios religiosos,
filosóficos e científicos. Os antigos Mistérios também ansiavam por esta luz,
mas no contexto de Maçonaria Pura ou “Unificada” desde os tempos de Salomão,
analisado anteriormente, a Ordem sumariza todas as formas antes veladas de
recebimento da luz.
Os Mistérios Antigos deixavam o
candidato a iniciação por cenas de total escuridão para terminar no santuário
iluminado, onde se diz que ele atingiu a luz pura e perfeita com o
ensino necessário para conhecer a verdade divina. A Luz era sinônimo de
verdade e conhecimento e seu oposto de falsidade e ignorância. No contexto hebreu,
a palavra aur no singular é luz e no plural aurim se torna revelação
da vontade divina; o Urim e o Tumim são literalmente luzes e verdades.
No Egito Antigo, o hieroglifo
para luz era uma lebre, por sempre estar com olhos abertos atentos aos inimigos.
Para os sacerdotes, a lebre é símbolo de iluminação mental ou luz mística
para os neófitos na iniciação. Curiosamente, a palavra hebraica para lebre é ARNaBet
composta por AUR(luz) e NaBaT (contemplação) ou contemplar a
luz. A comunicação da luz é a ideia primordial para os Mistérios.
O respaldo que Mackey faz das tradições
pagãs em relação a tradição judaica está implicado na ideia de Maçonaria herdeira
dos ensinamentos noaquitas antediluvianos. A luz para as antigas tradições,
como era chamado a revelação dos mistérios, é a Revelação para a fonte judaico-cristã
e por isso associado à Maçonaria . O teísmo em Mackey é manifesto ao entender
como luz a verdade divina por Revelação.
A luz solar é representatividade
da motivação humana e esta é a imagem da luz. A luz como derivada da adoração ao
sol, divindade chefe do Sabeísmo é uma fé que penetrou com extensão extraordinária
todo o sentimento religioso da antiguidade . A luz recebe a veneração
associada por emanar do sol, sendo a escuridão o vazio ou o caos. No mundo egípcio,
Osíris era a luz ou o sol e Tífon (Seth) é o destruidor representante da escuridão.
No mundo persa, o principio da luz e do bem era Ormuz (Ahura-Mazda) e o da escuridão,
do mal, era Arimã. Ormuz a pura luz e Arimã total escuridão. Maniqueu, fundador
do Maniqueísmo, século III, ensinava dois princípios: a matéria pura e sutil, denominada
luz, e o outro, substância impura e corrupta, denominado escuridão. A luz é o domínio
de Deus e a escuridão de Hyle ou Demônio. O regente da luz é bom e feliz, seu opositor
é infeliz e mau.
Na filosofia pitagórica, os dois princípios
foram denominados de luz, para a mão direita, igualdade, estabilidade e retidão,
e o outro de binário, escuridão, mão esquerda, desigualdade e instabilidade. As
cores eram o branco para o bom e preto para o mal. O Cabalismo ensina que na antes
da criação do mundo o espaço era preenchido de Aur en soph (luz eterna). A Mente
Divina determinava a produção de Natureza levando a Luz Eterna para o ponto
central e o espaço vazio era preenchido pela emanação da massa central de
luz produzindo matéria bruta que quando atenuada se perde na escuridão.
Na doutrina brahmânica, a luz é a
felicidade eterna e a escuridão pede transmigrações para que a alma seja
perfeitamente purificada pela luz. Os sistemas antigos de preparação para
recepção da luz eram intensos. Nos Mistérios druidas eram nove dias e noites de
escuridão, nos Mistérios de Elêusis e de Mitra era maior o tempo de preparação
e testes para que a iniciação fosse adequada.
A Maçonaria utiliza este sentimento
religioso dos antigos modificando os
detalhes mas mantendo o simbolismo de luz e escuridão. A escuridão
simboliza a ignorância e a natureza má que a Maçonaria deve purificar .
A luz é a fruição da verdade e do conhecimento maçônicos. A iniciação é
como diz as antigas cosmogonias. No livro do Gênesis, o mundo era trevoso. Para os caldeus tudo era escuridão
e água e para os fenícios as coisas eram um misto de ar negro, e o caos
escuro. A luz recebe o comando divino e dissipa toda escuridão, versão
comum em todas as tradições. A Maçonaria entende que este momento de clarejar faz
da luz a contemplação da verdade pela mente do indivíduo.
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