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sábado, 16 de janeiro de 2021

ANÁLISE DO LIVRO: O SIMBOLISMO DA MAÇONARIA (ALBERT G. MACKEY) PARTE XXII


O Livro “O Simbolismo da Maçonaria”  foi publicado originalmente em 1882, mas foi escrito em 1869, em Charleston, Carolina do Sul (EUA) por Albert G. Mackey. O livro por ora analisado foi lançado pela editora Universo dos Livros em 2008 e traduzido por Caroline Furukawa.


XXII: O RITO DE ACEITAÇÃO E O SIMBOLISMO DA LUZ

O Rito de Aceitação é quando o aspirante recebe aquilo que estava buscando ou as aporheta – coisas secretas da Maçonaria. A comunicação da luz ou da doutrina sublime da Verdade Divina através do qual a iluminação será feita ao indivíduo. A cosmogonia hebraica atribui a Deus a formação da luz. Este antigo sentimento religioso era o objeto a ser alcançado em todos os antigos Mistérios religiosos. A ideia de luz em Maçonaria está relacionada com o esclarecimento às verdades sublimes da Religião, Filosofia e Ciência- o grande propósito que a Maçonaria ensina.

A Maçonaria, como está disposto no ensino de Mackey, reverencia a luz que concatenada com a crença judaico cristã é expedida por Deus. A luz maçônica está relacionada a princípios religiosos, filosóficos e científicos. Os antigos Mistérios também ansiavam por esta luz, mas no contexto de Maçonaria Pura ou “Unificada” desde os tempos de Salomão, analisado anteriormente, a Ordem sumariza todas as formas antes veladas de recebimento da luz.

Os Mistérios Antigos deixavam o candidato a iniciação por cenas de total escuridão para terminar no santuário iluminado, onde se diz que ele atingiu a luz pura e perfeita com o ensino necessário para conhecer a verdade divina. A Luz era sinônimo de verdade e conhecimento e seu oposto de falsidade e ignorância. No contexto hebreu, a palavra aur no singular é luz e no plural aurim se torna revelação da vontade divina; o Urim e o Tumim são literalmente luzes e verdades.

No Egito Antigo, o hieroglifo para luz era uma lebre, por sempre estar com olhos abertos atentos aos inimigos. Para os sacerdotes, a lebre é símbolo de iluminação mental ou luz mística para os neófitos na iniciação. Curiosamente, a palavra hebraica para lebre é ARNaBet composta por AUR(luz) e NaBaT (contemplação) ou contemplar a luz. A comunicação da luz é a ideia primordial para os Mistérios.

O respaldo que Mackey faz das tradições pagãs em relação a tradição judaica está implicado na ideia de Maçonaria herdeira dos ensinamentos noaquitas antediluvianos. A luz para as antigas tradições, como era chamado a revelação dos mistérios, é a Revelação para a fonte judaico-cristã e por isso associado à Maçonaria . O teísmo em Mackey é manifesto ao entender como luz a verdade divina por Revelação.

A luz solar é representatividade da motivação humana e esta é a imagem da luz. A luz como derivada da adoração ao sol, divindade chefe do Sabeísmo é uma fé que penetrou com extensão extraordinária todo o sentimento religioso da antiguidade . A luz recebe a veneração associada por emanar do sol, sendo a escuridão o vazio ou o caos. No mundo egípcio, Osíris era a luz ou o sol e Tífon (Seth) é o destruidor representante da escuridão. No mundo persa, o principio da luz e do bem era Ormuz (Ahura-Mazda) e o da escuridão, do mal, era Arimã. Ormuz a pura luz e Arimã total escuridão. Maniqueu, fundador do Maniqueísmo, século III, ensinava dois princípios: a matéria pura e sutil, denominada luz, e o outro, substância impura e corrupta, denominado escuridão. A luz é o domínio de Deus e a escuridão de Hyle ou Demônio. O regente da luz é bom e feliz, seu opositor é infeliz e mau.

Na filosofia pitagórica, os dois princípios foram denominados de luz, para a mão direita, igualdade, estabilidade e retidão, e o outro de binário, escuridão, mão esquerda, desigualdade e instabilidade. As cores eram o branco para o bom e preto para o mal. O Cabalismo ensina que na antes da criação do mundo o espaço era preenchido de Aur en soph (luz eterna). A Mente Divina determinava a produção de Natureza levando a Luz Eterna para o ponto central e o espaço vazio era preenchido pela emanação da massa central de luz produzindo matéria bruta que quando atenuada se perde na escuridão.

Na doutrina brahmânica, a luz é a felicidade eterna e a escuridão pede transmigrações para que a alma seja perfeitamente purificada pela luz. Os sistemas antigos de preparação para recepção da luz eram intensos. Nos Mistérios druidas eram nove dias e noites de escuridão, nos Mistérios de Elêusis e de Mitra era maior o tempo de preparação e testes para que a iniciação fosse adequada.

A Maçonaria utiliza este sentimento religioso dos antigos  modificando os detalhes mas mantendo o simbolismo de luz e escuridão. A escuridão simboliza a ignorância e a natureza má que a Maçonaria deve purificar . A luz é a fruição da verdade e do conhecimento maçônicos. A iniciação é como diz as antigas cosmogonias. No livro do Gênesis, o mundo  era trevoso. Para os caldeus tudo era escuridão e água e para os fenícios as coisas eram um misto de ar negro, e o caos escuro. A luz recebe o comando divino e dissipa toda escuridão, versão comum em todas as tradições. A Maçonaria entende que este momento de clarejar faz da luz a contemplação da verdade pela mente do indivíduo. 

À.G.D.G.A.D.U
E. L. de Mendonça
SALUS SAPIENTIA STABILITAS

 

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